Aprender a executar + aprender a encontrar

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Imagine-se num jogo de futebol. A cada instante nos vemos obrigados a agir da melhor forma possível e a aproveitar o máximo de cada momento. Mas estamos falando de um esporte onde o azar e a incerteza são características determinantes, ou seja, haverá sempre um “morrinho artilheiro”, um passe errado ou uma dúvida sobre o que fazer. O lado bom, é que podemos transportar muito disso para o adversário! Mas como podemos resolver o nosso lado?
Bom, os estudos sobre tomada de decisão no esporte nos trazem conceitos e aplicações práticas. Resumidamente, estes estudos vêm desde uma orientação psicofisiológica centrados na antecipação e no tempo de reação, passando por trabalhos com uma perspectiva cognitiva do processamento da informação onde o esportista tem um controle sobre sua resposta, e por hora, temos uma abordagem sobre a relação entre a percepção e a ação que trata da capacidade do atleta em dar uma resposta rápida e adaptada a partir de ajustes sobre o que se percebe em dada situação.
Evidentemente que um assunto desta importância não pode ser tratado de forma tão rasa e muito menos resumido em algumas linhas. Mas vale como pretexto de discussão e algum auxílio teórico, pois estamos falando do processo de formação do jogador de futebol.
Ora bem, pensando no desenvolvimento a longo prazo, os nossos jovens futebolistas estão aprendendo tanto os fundamentos técnicos (condução, passe, recepção, finta, chute, cabeceio, roubo de bola) como os movimentos fundamentais (correr, frear, girar, saltar, mudar de direção durante a corrida); isto é, estão aprendendo a executar tais ações de forma analítica e contextualizada. Neste caso, o ensino é conduzido de uma forma mais direta.
Por outro lado, o jovem precisa aprender a encontrar, de forma rápida e eficiente, as soluções para os problemas que surgem no decorrer do jogo. Para isso, ele deve treinar (melhorar a percepção, a tomada de decisão e a ação) sistematicamente as situações de jogo (1×1 até 11×11) de modo que fique mais “afinado” às ações dos adversários. Isto porque, por mais que as situações sejam pré-determinadas, elas não se reproduzem de forma exata e há sempre algo imprevisível pela frente. Neste sentido, o treino é conduzido de forma mais interrogativa e direcionado a resolver aquilo que é mais relevante.
Aqui chegamos num ponto chave! O papel do treinador é ajudar os jogadores em basicamente três aspectos: 1) torná-los mais conscientes e confiantes de suas responsabilidades quanto ao desempenho em uma situação de jogo; 2) deixar claro quando tomarem uma decisão inadequada, por quê é inadequada e quais as suas consequências e; 3) valorizar as soluções encontradas.
Esta interação jogador-treinador enriquece a análise do contexto da decisão e abre caminho para um diagnóstico mais rápido sobre o problema detectado e suas possíveis causas (perceptivo, decisional ou técnico), tornando o ajuste de comportamento em algo mais agradável e não apenas a execução de uma ordem. Além disso, quando sabemos a causa do problema, fica mais fácil resolvê-lo. Por exemplo, durante um exercício observa-se uma quantidade relevante de passes altos de média ou longa distância fora do alvo determinado. Neste caso, os jogadores perceberam um ponto vulnerável do adversário, decidiram corretamente pois encontraram uma maneira de alcançar o objetivo proposto, mas ainda não conseguem realizar o passe com precisão. Temos então, uma necessidade de melhorar este fundamento. Caso decidissem pelo passe longo, mesmo com o adversário todo defendendo o próprio alvo, tal decisão precisaria ser corrigida por algo que proporcionasse algum benefício para sua equipe.
Por fim, quando elaboramos uma sessão de treino, escolhemos os conteúdos de acordo com o objetivo proposto e conduzimos o ensino de acordo com o tipo de exercício selecionado, ou seja, a maneira como vamos conduzir o treino e transmitir as informações, é definida previamente.
 

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