Entrevista Tática: Dante, zagueiro do Borussia M'Gladbach-ALE

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Com grande colaboração dos jornalistas Bruno Camarão e Guilherme Yoshida, que estabeleceram o contato para a entrevista, a coluna desta semana traz a opinião de Dante sobre diversos aspectos referentes ao jogo de futebol que de alguma forma se relacionam com a vertente tática da modalidade.

Dante, zagueiro do Borussia M’Gladbach e único brasileiro no atual elenco, é peça importante na surpreendente campanha da equipe na Bundesliga 2011/2012, com 33 pontos em 17 rodadas e ocupando a 4ª colocação. Distante quatro pontos do líder, sua equipe encontra-se atrás apenas de Bayern de Munique, Borussia Dortmund e Schalke 04.

O defensor de 28 anos é um dos três jogadores da equipe que mais atuou na competição, 1530 minutos. Abaixo, a entrevista com ele:

1-Quais os clubes que você jogou a partir dos 12 anos de idade? Além do clube, indique quantos anos tinha quando atuou por ele.

Em 1998 na Catuense, em 1999 no Galícia, em 2000 no Capivariano, entre 2001 a 2004 no Juventude, de 2004 a 2006 no Lille-FRA, em 2007 no Charleroi-BEL, de 2007 a 2009 no Standard Liège-ALE e de 2009 em diante no Borussia M’gladbach-ALE.

2-Para você, o que é um atleta inteligente?

Podemos abordar muitos pontos dentro disso. Acredito que inteligência tem a ver, além da qualidade técnica, com a capacidade de fazer bem uma leitura de jogo, de entender estrategicamente o futebol, compreender as propostas de jogo da sua equipe e também do adversário e, também, saber usar sua qualidade técnica de um modo que possa se diferenciar.

3-Você saberia descrever o quanto o futebol de rua, o futsal ou o futebol de areia contribuiu para a sua formação até chegar ao profissional?

Praticamente em tudo. Meu amor por futebol surgiu justamente nas brincadeiras de rua e no colégio. Tudo isso faz parte do que eu sou hoje e eu não seria o que sou se não fosse essa etapa da minha vida.

4-Em sua opinião, o que é indispensável numa equipe para vencer seu adversário?

Foco, concentração, respeito e determinação. Acredito que são regras básicas para se ter uma equipe vencedora em qualquer jogo.

5-Quais são os treinamentos que um atleta de futebol deve fazer para que alcance um alto nível competitivo?

Normalmente o que se faz no clube, o treino diário, é o ideal. Obviamente uma boa pré-temporada é muito importante. Quando estamos treinando na pré-temporada ou nos treinamentos diários e importante um mix de trabalhos físicos, técnicos e táticos.

6-Para ser um dos melhores jogadores de sua posição, quais devem ser as características de jogo tanto com bola, como sem bola?

Acho que não precisa ter uma característica própria. Muitas vezes jogadores totalmente diferentes acabam se completando, um com mais capacidade de marcação, outro com mais capacidade de saída de bola. Então, varia muito isso e vai muito de acordo com a característica do jogador e do elenco que ele compõe.

7-Quais são seus pontos fortes táticos, técnicos, físicos e psicológicos? Explique e, se possível, tente estabelecer uma relação entre eles.

Eu me considero um jogador com uma boa impulsão, boa estatura para jogadas aéreas e finalização de cabeça também. Sou um jogador tranquilo, também, com uma boa saída de bola e sempre tento aliar tudo isso para me tornar um jogador sempre mais completo.

8-Pense no melhor treinador que você já teve. Por que ele foi o melhor?

Sem demagogia, acredito que o Lucien Favre, que está conosco no Borussia M’gladbach, é um dos grandes com quem já trabalhei e vi. Ele pegou este grupo desacreditado, praticamente rebaixado e foi responsável pela recuperação e pela consolidação da confiança desse grupo, que agora está lutando pela liderança na Bundesliga.

9-Você se lembra se algum treinador já lhe pediu para desempenhar alguma função que você nunca havia feito? Explique e comente as dificuldades.

Isso acontece sempre. O jogador sempre tem uma convicção, mas temos de ter a consciência de que o treinador muitas vezes acaba tendo uma visão melhor e muitas vezes vai o próprio jogador que tem qualidade para jogar numa determinada posição que ele achava que não lidava bem. Acredito que, nestes casos, é preciso ter calma, pois às vezes as coisas podem ser boas para o jogador.

10-Qual a importância da preleção do treinador antes da partida?

A preleção aqui na Europa é um pouco diferente do Brasil. No Brasil ela é mais motivacional, aqui na Europa é apenas uma resenha de tudo que treinamos e do que temos pela frente. É sempre importante para entrarmos ainda mais concentrados em campo.

11-Quais são as diferenças de jogar em 4-4-2, 3-5-2, 4-3-3, ou quaisquer outros esquemas de jogo? Qual você prefere e por quê?

O 3-5-2 é bem menos usual hoje e acabamos sempre jogando com uma linha de quatro na maioria das vezes ou com mais um jogador ali para auxiliar. Para nós, que somos zagueiros, independentemente da formação, é sempre bom ter alguém a mais ali para compor a marcação e dificultar a vida do adversário. Nós jogamos muito assim, com mais proteção atrás e apostando no contra-ataque ou tentando valorizar a posse.

12-Comente como joga, atualmente, sua equipe nas seguintes situações:

Com a posse de bola:
Valorizando a posse e buscando alternativas, evitando ao máximo o erro de passe.

Assim que perde a posse de bola: recomposição rápida para não deixar espaços.

Sem a posse de bola: equipe compacta, evitando ao máximo deixar buracos e oportunidades para os adversários.

Assim que recupera a posse de bola: buscar atacar com velocidade para surpreender o adversário e aproveitar os espaços.

Bolas paradas ofensivas e defensivas: atenção no posicionamento. Este é um ponto forte da nossa equipe.

Existe alguma mudança de comportamento previamente treinada para jogos fora de casa? E com a vantagem no placar? Explique.

A gente busca sempre jogar da mesma maneira fora de casa, porém, é sempre necessário lembrar que há um adversário e que as equipes jogando em casa sempre tendem a jogar mais para o ataque e tentar se impor. Nossa postura é sempre de tranquilidade, esperando a hora certa para dar o bote, em qualquer situação.

13-O que você conversa dentro de campo com os demais jogadores, quando algo não está dando certo?

Todos nós vamos nos falando, ouvindo orientações do banco e tentando nos ajeitar para que as coisas melhorem. Nunca é uma situação muito fácil de se resolver, mas, às vezes, acaba funcionando, principalmente quando se tem uma equipe entrosada.

14-Como você avalia seu desempenho após os jogos? Faz alguma reflexão para entender melhor os erros que cometeu? Espera a comissão técnica lhe dar um retorno?

É sempre bom ter um retorno da comissão e das pessoas que estão conosco. Eu busco assistir ao jogo e ser muito crítico em relação ao que eu faço, justamente para melhorar sempre.

15-Para você, quais são as principais diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu? Por que existem estas diferenças?

Eu acho que uma característica básica de diferença é o ritmo de jogo. Na Europa a bola corre mais, a grama é mais baixa, o jogo é mais rápido. Acredito que esta seja a principal diferença.

16-Se você tivesse que dar um recado para qual
quer integrante de uma comissão técnica, qual seria?

Buscar sempre a união da equipe, integração de todos, para criar um ambiente saudável e propício para que seja realizado um grande trabalho.

Para finalizar, dê sua opinião sobre o que achou da entrevista e como, na sua visão, a mesma pode contribuir com o futebol brasileiro.

Gostei muito, pois fugiu bastante do que as pessoas costumam perguntar e foi mais a fundo em alguns pontos. Espero que seja interessante para quem trabalha, para quem pensa em trabalhar com futebol e espero também que vocês tenham gostado.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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