Férias no futebol: o que fazer na pré-temporada após as festas de fim de ano?

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O Natal e o ano novo comemorados pelos cristãos são duas festas bem tradicionais especialmente nos países ocidentais.

Associadas às férias de muitos jogadores, as chamadas festas de fim de ano são um tempo para descanso, para se repensar no que passou e para projetar o que virá.

Em função das confraternizações sempre regadas a bebida e comida, quase sempre as pessoas acabam ganhando peso e essa situação não é diferente para muitos atletas.

Após as festas, vem então a chamada “pré-temporada” que, em função do calendário e do planejamento de cada clube, pode durar de 15 a 45 dias com até dois períodos de treino por dia.

Além do peso ideal de cada jogador, busca-se também atingir melhorias das capacidades motoras necessárias para o futebol entre elas flexibilidade, velocidade, força, potência, resistência muscular localizada e resistência aeróbica.

Para atingir tais objetivos dentro de um prazo estipulado, a escolha das tarefas a serem realizadas e o controle apurado da carga de treino são fundamentais. Para tanto, medidas de marcadores de dano muscular, avaliações da aptidão física e do comportamento dos padrões enzimáticos e metabólicos podem ser utilizados com o intuito de evitar a execução de esforços exagerados.

Mas, por necessitar de técnicas apuradas, medidas invasivas, mão de obra especializada e grande dispêndio financeiro, muitos destes métodos se tornam impraticáveis para a grande maioria dos clubes. Resta a estes, então, buscar alternativas mais simplificadas e menos dispendiosas.

A frequência cardíaca (FC), por exemplo, além de ser estudada desde a década de 50 e possuir um padrão comportamental pré-estabelecido para diferentes tarefas, é uma das variáveis fisiológicas mais simples e baratas de se obter e pode ser utilizada para este fim.

Utilizando a frequência cardíaca, um estudo realizado pelo grupo do Prof. Impellizeri verificou a distribuição da intensidade do treinamento para desenvolvimento da aptidão aeróbica.

O estudo foi publicado na primeira edição de 2011 do Journal of Strengh and Conditioning Research e verificou durante seis semanas da pré-temporada a distribuição da carga de treinamento aeróbico e seus respectivos efeitos na aptidão de 14 jogadores.

Os atletas foram submetidos a um teste em esteira pré e pós intervenção onde foram verificadas a velocidade e a frequência cardíaca das intensidades equivalentes ao primeiro e ao segundo limiar de lactato (2 e 4 mMol, respectivamente).

Com os resultados do teste pré-treino, os pesquisadores determinaram três domínios de intensidade: baixa (> 2mMol de lactato); média (entre 2 e 4 mMol de lactato) e intensa (< 4 mMol de lacato) e após análise de 504 sessões de treinamento verificou-se que do tempo total de treino aeróbico 73 ± 2.5% foi caracterizado com baixa intensidade, 19 ± 2.8% com moderada e apenas 8 ± 1.4% com intensidade alta.

Embora a baixa intensidade tenha predominado, tanto a velocidade referente ao primeiro quanto ao segundo limiar foram superiores no pós-treino do que pré (5% e 7%, respectivamente – p<0,01). Apesar disso, apenas as atividades realizadas com alta intensidade (> 90% da FCmáx) obtiveram correlação com a melhora da aptidão (r = 0.84, p < 0.001; para o primeiro limiar e r = 0.65, p = 0.001 para o segundo limiar).

Apesar de algumas limitações do estudo como, por exemplo, a utilização das concentrações fixas de lactato, e a realização do teste em esteira, estes resultados indicam que a medida da FC é útil para monitoração do treinamento para desenvolvimento da aptidão aeróbica e que nem sempre o volume da tarefa é quem determina melhora do desempenho.

O estudo também nos faz pensar que ao contrário do que muitos imaginam a pré-temporada nem sempre é caracterizada por tarefas exaustivas com predomínio de exercícios intensos, mas é claro que isso poderá variar de clube para clube.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br
 

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