Futebol do Rio de Janeiro está mudando suas estruturas

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“O Rio de Janeiro continua lindo, o Rio de Janeiro continua sendo…” A música composta por Gilberto Gil retrata o atual panorama social, econômico e futebolístico da cidade do Rio de Janeiro e conseqüentemente do Estado.

 

O recente artigo denominado “Rio de Janeiro ficou pequeno para quatro clubes”, escrito pelo Dr. Luiz César Cunha Lima, de Brasília, infelizmente não retrata os atuais cenários social, econômicos, culturais e esportivos da cidade do Rio de Janeiro.

 

A cidade do Rio de Janeiro ainda continua sendo a “capital cultural” do Brasil. É o principal destino turístico dos visitantes estrangeiros e um dos principais no que tange ao turismo interno ou de negócios. Aliada a uma das mais belas paisagens (quem conhece o Rio de Janeiro feche os olhos e lembre do Pão de Açúcar, do Corcovado, do Cristo Redentor, das praias, etc.) a cidade é conhecida por estar sempre de “braços abertos” para seus visitantes. Shows, peças teatrais, a música e a cultura sejam brasileiros ou internacionais, têm parado obrigatoriamente no Rio de Janeiro. Nosso calendário cultural faz com que eventos como o show dos Rolling Stones sejam colocados no Livro dos Recordes.

 

A economia carioca e fluminense realmente mudou. Passou a ser a capital das telecomunicações, do petróleo, e de outras grandes empresas como a Vale do Rio Doce, a Coca-Cola etc. Começamos a valorizar o interior do Estado e cidades como Volta Redonda, Macaé, Campos, Rio das Ostras, entre outras estão em contínuo processo de desenvolvimento.

 

Cenário esportivo

 

No esporte o cenário não poderia ser diferente. A cidade do Rio de Janeiro é e será cada vez mais, a capital do esporte brasileiro. Somos a sede dos Jogos Pan-Americanos de 2007, mesmo que alguns queiram chamar de “Pan do Brasil”, os Jogos Pan-Americanos de 2007 são o “Pan do Rio”. Somos a capital do Comitê Olímpico Brasileiro, dos escritórios da Fifa na América do Sul e de diversas Confederações (CBF, CBV, etc.).

 

O futebol do Rio de Janeiro, da mesma forma que todo o futebol brasileiro, está mudando suas estruturas. Os principais clubes da cidade sempre foram clubes nacionais e nunca estaduais e/ou regionais. O Flamengo, independente do momento técnico e administrativo que esteja vivendo, é e será por um bom tempo, a maior torcida e principalmente o maior mercado consumidor em potencial do futebol brasileiro. Clubes como Botafogo e Fluminense, denominados “alvos mais fáceis desse processo de bipolarização” pelo artigo citado são marcas e estruturas mundialmente reconhecidas, onde muitas vezes o mercado estadual e regional torna-se pequeno para a exploração de tais marcas.

 

Os clubes denominados de “projeção estadual”, como Bangu e América, foram substituídos por outros como Volta Redonda, Americano, de duas cidades denominadas novas forças econômicas (Volta Redonda e Macaé) e paras clubes que estão sendo administrados por empresas de forma séria e profissional (Profute, de investidores suíços, Tigres do Brasil de uma multinacional do ramo de química, o CFZ, clube do Zico, com investimentos asiáticos, etc.). Clubes de projeção estadual, mas com estruturas de clubes nacionais. (CTs, executivos, planos de marketing, etc.).

 

Crítica

 

Se levarmos em conta o atual cenário do futebol brasileiro a crítica pode e deve ser feita de forma contundente e alarmante, mas nunca duvidando e/ou colocando “prazos de validade” para os principais clubes da cidade. Se fossemos pensar desta forma uma grande parcela do futebol brasileiro, principalmente dos clubes nordestinos, deverá acabar nos próximos anos. Marcas como Bahia, Vitória, Sport de Recife, Náutico, Ceará entre outros não devem mais nem entrar em campo, fechando suas portas e deixando “órfãos” seus torcedores.

 

Se fatores econômicos simplesmente determinassem os rumos do futebol mundial, nunca seríamos pentacampeões mundiais, não teríamos força na Fifa, nem seríamos referência em direito desportivo, jornalismo esportivo e outras áreas do futebol onde muitos estrangeiros aprendem conosco. Se fossemos tratar apenas dos aspectos técnicos, o melhor campeonato estadual deste ano foi, disparado, o “falido” campeonato carioca.

 

O esporte é composto por uma tríplice influência: questões políticas, comerciais e culturais do próprio futebol. Estar focado em apenas um aspecto é ter uma visão míope e capenga do futuro do futebol, tanto carioca como brasileiro.

 

Crises existem em quaisquer negócios, basta apenas saber tratá-las como perigo ou oportunidade.

Para interagir com o autor: maurobeting@universidadedofutebol.com.br

 

Mauro C. Boselli, carioca, é consultor sênior da Progressiva Consultoria, coordenador do curso de Gestão Esportiva da UniverCidade – RJ e especialista em administração, marketing  e direito desportivo.

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