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O futebol sul-americano busca a sua reconstrução, mesmo que em passos lentos, após os escândalos ocorridos no mundo da bola com as denúncias de corrupção que levaram a prisões e exclusões envolvendo diversos dirigentes dos mais altos escalões. Apesar da investigação ter tido como alvo central a FIFA, houve um impacto gigantesco em federações regionais como a CONMEBOL, que controla o futebol na América do Sul, e também em federações nacionais de países como Brasil, Argentina e Uruguai.

Pela fragilidade, amadorismo, desorganização e falta de transparência existente no futebol de nosso continente, a necessidade de transformação tornou-se mais evidente e urgente. O ponto a favor nesse cenário caótico é ter países com seleções e clubes com enorme tradição no futebol mundial. São 9 títulos das seleções sul-americanas em Copa do Mundo, contra 11 das seleções europeias. Entre os clubes, contabilizando a soma dos campeões da Copa Intercontinental e do Mundial de Clubes, são 26 títulos para clubes sul-americanos e 30 para clubes europeus.

Porém, é preciso ter atenção também para esses dados. Como há um enorme desequilíbrio fora de campo entre o futebol da América do Sul e da Europa, especialmente na área de gestão e marketing, é nítido perceber que isso começa a ser traduzido para os resultados dentro de campo. A Europa obteve um maior destaque técnico nesse início de século. As últimas 3 Copas do Mundo da FIFA foram vencidas por seleções europeias e, entre as disputas do Mundial de Clubes da FIFA, os europeus sagraram-se campeões em 9 edições, contra 4 conquistas sul-americanas.

Os dois principais produtos da CONMBEBOL são a Copa América (seleções) e a Libertadores (clubes). Apesar de tradicionais, são conhecidos por sua desorganização e baixa lucratividade, ainda mais se compararmos com o fenômeno Champions League, na Europa.

Na semana passada, a CONMEBOL anunciou que a Copa América passará a ser disputada no mesmo período da Eurocopa. Ainda haverá a disputa do torneio em 2019 no Brasil e, em 2020, a competição será realizada nos Estados Unidos, após o sucesso comercial obtido com o evento no país em 2016. A partir daí, ocorrerá a cada 4 anos.

O ideal, tanto como forma de fortalecer a qualidade técnica do torneio, como transformar o evento em um produto mais rentável, é a junção plena entre a CONMEBOL e a CONCACAF, responsável pelo futebol na região América do Norte, Central e Caribe. Com a entrada de países como Estados Unidos e México, o apelo comercial torna-se muito maior, especialmente se olharmos para o crescimento da MLS, liga de futebol dos EUA.

A Libertadores também passou por mudanças para a temporada de 2017, especialmente no formato de seu calendário que passou a ser disputado em 42 semanas, não mais em 27. Com isso, ao invés da final ser realizada na metade do ano, passa ocorrer no fim de novembro. Essa extensão torna-se interessante, mas também pode gerar prejuízos. Primeiramente, os clubes mexicanos abriram mão de participar por incompatibilidade de calendário e também há discussões pelo fato da final ser disputada muito próxima da data do Mundial de Clubes da FIFA, que terá início nos Emirados Árabes no dia 6 de dezembro. Sem sombra de dúvidas, a tabela precisará ser melhor planejada para as próximas edições.

Assim como a Copa América, na minha opinião, a Libertadores deveria ocorrer com a participação dos clubes filiados à CONCACAF. O impacto sobre as receitas de patrocínio e direitos de transmissão seriam imediatos, aumentando a qualidade do evento e atingindo um público muito maior para os potenciais patrocinadores.

Hoje a diferença entre os números da Champions League e da Libertadores é assombrosa. Enquanto a Champions League arrecada com a venda de direitos de transmissão para todo mundo o total de US$ 2,5 bilhões, a Libertadores gera o total de US$ 175 milhões. São mais de 14 vezes a menos de receita.

Em relação as premiações aos clubes participantes e vencedores, a diferença também é muito grande. Enquanto a Champions League distribui € 57,2 milhões ao campeão, a Libertadores paga € 6,5 milhões. São quase 9 vezes a menos.

Como não poderia ser de outra forma, as receitas de patrocínio também são incomparáveis. A Champions League possui 8 grandes marcas como patrocinadoras oficiais que investem valores elevados. A Heineken, a grande expoente entre as marcas por realizar um trabalho de comunicação e ativação adicional ao patrocínio por todo o mundo, investe cerca de US$ 70 milhões por ano em sua cota. Enquanto isso, a Bridgestone, detentora da cota principal de Title Sponsor da Libertadores, investe cerca de US$ 16 milhões para ser a marca que dá o nome ao evento.

Faça um teste e entre no site da UEFA. Facilmente encontrará o acesso para o hotsite da Champions League, com navegação simples sobre a competição e a presença de seus patrocinadores de forma clara. Depois entre no site da CONMEBOL. Você encontrará também facilmente o link para a Libertadores, porém não encontrará nada muito além das tabelas de jogos. Nem mesmo a lista de patrocinadores da competição pode ser encontrada.

O produto Champions League é a grande referência de organização e sucesso. Desde a entrada em campo com o hino aclamado do evento, passando pela qualidade do espetáculo dentro de campo com os melhores jogadores do planeta e estádios lotados, até chegar as ações realizadas pelos patrocinadores, tudo entrega excelente resultado. Obviamente, que o mercado europeu possui um potencial de investimento muito mais sólido, além de já estar plenamente consolidado. Porém, a diferença para o futebol sul-americano não pode e não deve ser tão estarrecedora.

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