Maldito FC

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O mês de julho de 2010 é o mês dos técnicos de futebol.

Não só aqueles que ocuparam os principais papéis na Copa do Mundo da África do Sul – Parreira, Dunga, Domenech, Löw, Del Bosque.

O espaço é também preenchido por Mourinho, cujos capítulos da história no Real Madrid recém começam.

Sem falar de Felipão, que retorna ao Palmeiras depois de alguns anos, onde obteve enorme sucesso, que o catapultou ao estrelato como treinador do Brasil e Portugal.

E que ocupa o primeiro lugar na preferência nacional – talvez da CBF – para assumir a vaga na seleção brasileira, até há pouco nas mãos do criticado Dunga.

Saibam todos que não há cargo profissional, na iniciativa privada, que receba mais pressão que a de técnico de futebol.

Seja de clube pequeno, médio ou gigante. Seja da seleção de Antígua e Barbados. Seleção nacional como Brasil, Argentina, Itália, Alemanha, Inglaterra então…

Nenhum presidente de empresa ou alto executivo tem receio de sair à rua, para os afazeres cotidianos, e ser interpelado – pacificamente ou de forma constrangedora – por fanáticos dos produtos da empresa, querendo satisfação sobre determinada estratégia de venda ou queda no balanço trimestral.

São e serão sempre ilustres desconhecidos do povo.

A trajetória de êxitos e fracassos na vida de um técnico de futebol é desvendada, brilhantemente, pelo filme inglês Maldito FC (Damned United), cuja inspiração foi a biografia de Brian Clough.

Brian foi um atacante mediano, apesar de sua média de gols por partida nos clubes que defendeu chegar a impressionar e que o levara ao English Team. Devido a uma séria lesão, interrompeu a carreira e passou anos difíceis de transição profissional até chegar ao cargo de técnico.

Seu grande feito fora levar o clube inglês Derby County ao título da segunda divisão do país em 1969, dois anos após assumir o trabalho. Em 1972, era campeão da primeira divisão e levava o clube à disputa da então Copa dos Campeões da Uefa.

De temperamento forte e, até mesmo, irascível, rompeu com o clube e seu auxiliar após as conquistas e passou certo período em baixa, para voltar em grande estilo em 1975.


 

O filme aborda o período no Derby County e no Leeds United – fracassado, de seis semanas – em 1974.

Brian aceitara o cargo de Don Revie, técnico que transformara o Leeds no maior clube inglês em seus 13 anos de comando e que assumiria o English Team.

Don Revie era o paradigma de sucesso e a obsessão de Brian ao mesmo tempo.
A obsessão por superar Revie lhe fez deixar de lado aquilo que o alçara ao estrelato: a convicção no seu método de trabalho, nos seus colegas de comissão técnica e no seu estilo de liderança.

Quis implementar muito rápido a transição entre o anterior e o novo. Não funcionou. O ser humano – e o jogador de futebol ainda mais – é dado à zona de conforto profissional…

Quando se deu conta dos equívocos, retomou as rédeas do sucesso e levou o Nottingham Forest, da segunda divisão à conquista de títulos na Inglaterra e, pasme, ao bicampeonato da Copa dos Campeões da Europa em 1979-1980.

Os extras contidos no DVD do filme exaltam as inovações e o pioneirismo no estilo de trabalho de Clough. Alguns ex-atletas comandados e dirigentes destacam o perfil vanguardista que adotava.

A equação para a montagem de uma grande equipe, como Dunga queria em 2010, como Mourinho e Felipão já alcançaram em sua carreira, necessita do fator equilíbrio.

Não bastam comprometimento, suor e inteligência. Pois, se a convicção do trabalho parte de premissas equivocadas, o resultado pode ser o precipício coletivo.

Brian Clough morreu em 2004 aos 69 anos.

Diz-se que ele era o melhor técnico que o English Team jamais teve…

Recomenda-se o filme para todos os técnicos. Do presente e do futuro.

Inclusive Felipão e José Mourinho. Conhecimento pela experiência dos outros também serve.

Recomendar para o Dunga seria óbvio demais.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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