O futebol suplica: parem de rasgar dinheiro!

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Dois mil e quinhentos atletas do estado de São Paulo correm o risco de ficar sem clube nos próximos dias! A grande maioria, ainda em formação, verá seu sonho de se tornar jogador de futebol profissional ficar mais distante após a dispensa originada pela desclassificação.

O cálculo estimado foi feito com base no término da primeira fase do Campeonato Paulista da Segunda Divisão e do Campeonato Paulista sub-15 e 17, considerando vinte e cinco jogadores por equipe. Foram desclassificadas dezessete equipes profissionais e cerca de 80 equipes (ao considerarmos as duas categorias) de base.

Pergunto, então, a cada um dos gestores dos clubes eliminados: quais serão os procedimentos tomados?

Temo em ouvir a resposta!

A boa gestão, organizada, planejada, com adequada alocação de recursos e ciente de seu posicionamento frente ao mercado do futebol é pré-requisito para o sucesso do negócio. Muitos dirigentes do futebol brasileiro parecem ignorar estes conceitos.

Sei que os clubes aos quais a coluna se refere compreendem uma parcela econômica insignificante do mercado da modalidade. É justamente por esse motivo que os dirigentes e gestores dos clubes pequenos e médios não podem errar!

Os campeonatos que estes clubes disputam devem ser encarados como parte importante da exposição do seu produto; porém, a sua disputa (na busca do acesso ou título) não pode (ou não deve) ser o único indicador considerado para o desenvolvimento do trabalho. Independente da competição, o clube (a empresa) deve continuar em atividade.

É lamentável afirmar, porém, que os equívocos são tremendos. Para exemplificar, treinador vende o carro para pagar salário de jogadores; equipes à beira da desclassificação alimentam mal seus atletas; dirigentes fazem contratações de reforços quando as necessidades não são reais; equipes inteiras são desmontadas sem uma análise detalhada do trabalho.

Administrativamente, como podemos classificar estas atitudes?

“Planejamento invertido”: em que primeiro os dirigentes e investidores esperam o retorno financeiro para depois realizarem o investimento? Se este é o objetivo, esqueçam!

Não significa que investir por investir, contratar por contratar será sinônimo de bons resultados. Segundo conversas do futebol, uma das folhas salariais mais altas da 2ª Divisão Paulista não conseguiu passar de fase.

Aqui cabe a pergunta: com 50% da folha de pagamento utilizada, será que não seria possível formar um elenco competitivo para a divisão que, ao invés de trabalhar durante os seis primeiros meses do ano, independentemente do resultado, trabalhasse o ano todo? Afinal, não será necessária uma nova equipe para o ano seguinte?

Este procedimento estabelecido para o departamento profissional pode ser igualmente aplicado nas categorias de base.

Qual deve ter sido o custo operacional mensal de muitas equipes espalhadas pelo estado que alojam mais de 50% (algumas o valor é próximo de 100%) dos seus atletas?

Muitas regiões do estado de São Paulo são autossuficientes de potenciais atletas. Os clubes localizados nestas regiões deveriam desenvolver um trabalho preciso de captação e formação para não perderem nenhum jogador e deixarem as vagas do alojamento somente para as moscas brancas (se bem que elas não existem mais!).

Férias permanentes destes milhares de atletas até ao final do ano, se os clubes pretendem se manter em atividade no ano que vem, significará um retrabalho. Retrabalho no ambiente gerencial significa aumento de custo. A contramão do processo produtivo de jogador de futebol.

Claro que uns e outros atletas amadores ou profissionais conseguirão se empregar em outros estados, mais uma vez para uma das competições remanescentes e não para uma sequência de trabalho de médio-longo prazo. Será a vez dos outros clubes, dirigentes e investidores se equivocarem.

A resposta ideal de um gestor para a pergunta do início da coluna “quais serão os procedimentos a serem tomados?” poderia ser:

“O trabalho irá continuar, faremos algumas dispensas em função do estreitamento natural da pirâmide, ou então, devido a não adaptação de determinado atleta a filosofia do clube. Os atletas das categorias de base ainda têm muitos conteúdos a serem aprendidos até chegarem ao profissional e esses seis meses de trabalho são importantes para termos atletas de alto nível no ano seguinte.”

Respeito a opinião de muitos dirigentes que dirão que estou louco. Lembro-os, no entanto, que ao menos não estou rasgando dinheiro!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

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