Os direitos e o respeito ao torcedor como investimento com retorno esportivo e financeiro

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No último domingo fiz uma participação no Esporte Espetacular, da Rede Globo, em uma reportagem sobre a violência nos estádios de futebol e um dos convidados destacou o quanto os clubes perdem com o desrespeito aos direitos dos torcedores.

O fato é que o futebol movimenta, anualmente, bilhões de dólares. Além disso, milhões de empregos são criados direta e indiretamente e a paixão pelo esporte transforma cada um dos habitantes do planeta Terra em torcedor e, por consequência, em um consumidor em potencial.

Como todo consumidor, o torcedor é um sujeito de direitos e deve tê-los respeitados, sobretudo levando-se em consideração o fato de que o futebol deve sua magnitude global justamente à imensa paixão despertada nas multidões.

Por esta razão, cada vez mais, surge a necessidade de legislações específicas a estes consumidores do esporte, bem como a adequação dos clubes aos anseios de seu torcedor.

O respeito aos torcedores traz resultado financeiro e esportivo ao clube, como se observa de iniciativas vencedoras de representantes europeus como o Barcelona e, notadamente os ingleses da “Premier League” e de clubes sul-americanos, especialmente o Internacional, de Porto Alegre. Todos conhecidos mundialmente pelas conquistas.

O torcedor, consumidor, cada vez mais exigente, irracional e apaixonado por natureza, capaz de, por essa paixão, distorcer a realidade em benefício de seu clube de coração, deve ser tratado como protagosnista.

Dentre os inúmeros direitos atinentes aos cuidados para com o torcedor extraem-se alguns imprescindíveis para garantir o interesse pelo esporte.

Inicialmente, as competições devem possuir regulamentos transparentes respaldados em critérios técnicos, bem como a arbitragem deve ser justa e independente.

A venda de ingressos deve ser realizada de forma organizada, com plenas informações, de forma a garantir celeridade, eficiência e segurança. Além disso, os ingressos devem ser vendidos em diversos locais e, por meio eletrônico, especialmente, pela Rede Mundial de Computadores.

Os estádios devem ser acessíveis por meio de transportes urbanos de qualidade, tais como metrô, trem urbano e ônibus.

Os estádios devem possuir infraestrutura com estacionamento, restaurantes, banheiros e o acesso às suas dependências deve ser amplo, permitindo que a entrada ocorra sem tumulto, além de se assegurar o acesso de deficientes físicos.

O torcedor tem o direito de receber as informações do evento ao adentrar ao estádio, por meio de recepcionistas, ou de centrais de atendimento ao torcedor (ouvidorias), bem como de acomodar-se em assento confortável e de mesmo número de seu bilhete.

Por fim, a segurança do torcedor deve ser garantida não somente no interior dos estádios durante os eventos esportivos, mas em todo o entorno do estádio antes e logo após a partida.

Policiamento ostensivo, punições rigorosas aos torcedores violentos, monitoramento por meio de câmeras e limitação de acesso a quem não possua ingresso são formas de atingir-se a segurança.

Medidas como as expostas, além de trazer ao consumidor do evento esportivo uma série de benefícios, trarão aos clubes e ao evento maior atratividade e fidelidade.

Torcedores bem tratados e satisfeitos são sinônimo de estádios e cofres cheios, pois, neste contexto, independente dos resultados esportivos, a venda de ingressos, de jogos pelo sistema “pay-per-view” e de produtos licenciados atingiriam patamares elevados.

O resultado de medidas assecuratórias dos direitos do torcedor pode ser constado pelas arrecadações[1] da “Premier League” inglesa, terceira liga que mais rentável do mundo[2], que recentemente superou a NBA e está atrás, apenas, das norte-americanas MLB (beisebol) e da NFL (futebol americano), respectivamente.

Os jogos da Liga Inglesa têm estádios cheios, independente da colocação do clube na tabela, com ocupação de 91%[3], sendo que o Manchester United possui média de público de 70 mil torcedores.

A fidelidade do torcedor inglês coloca nove clubes daquele país na lista do vinte e cinco mais ricos do mundo[4], dois na lista dos dez mais valiosos em todas as modalidades[5] e três entre os seis com patrocínios mais valiosos na camisa[6].

Ademais, o respeito aos torcedores conduz ao resultado esportivo, como se apreende do Barcelona e, na América do Sul, do Inter, primeiro clube brasileiro com ISO 9001.

O Barcelona é o atual campeão espanhol, da Copa da Espanha (Copa do Rei), da Supercopa da Espanha, da Uefa Champions League e do Mundial de Clubes da Fifa, e o Internacional, desde que iniciou o processo de estruturação para o seu torcedor, em meados da década passada, conquistou a Libertadores da América e o Mundial em 2006 e a Copa Sulamericana em 2007[7] tendo sido, em 2009, vice-campeão brasileiro e da Copa do Brasil.

Assim, mais do que atender aos direitos da imensa comunidade de torcedores, a atenção aos seus anseios corresponde a um investimento com retorno financeiro, de visibilidade e em títulos.

 

 

[1] http://www.terra.com.br/esportes/futebol/financeiro/index.htm

[2] http://www.futebolfinance.com/premier-league-3%c2%ba-maior-facturacao-entre-as-ligas-profissionais

[3] http://www.futebolfinance.com/o-numero-de-espectadores-nos-estadios-%e2%80%93-dezembro-2009

[4] http://www.futebolfinance.com/forbes-most-valuable-soccer-teams-2009

[5] http://www.futebolfinance.com/os-10-clubes-mais-valiosos-de-todos-os-desportos

[6] http://www.futebolfinance.com/ranking-de-patrocinios-nas-camisolas-200910

[7] Equivalente à Liga UEFA

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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