Os jogos contextuais no treinamento semanal

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As comissões técnicas, em cada sessão de treino, devem aperfeiçoar o nível de jogo de suas equipes com atividades que proporcionem aquisições globais ao Modelo de Jogo. Sob este viés, qualquer que seja a aquisição de desempenho coletivo somente faz sentido se tiver relação direta com o Jogo e sua Lógica.

Como do ponto de vista da complexidade o Futebol é um confronto de sistemas dinâmicos (equipe A x equipe B), treinar o próprio sistema (sua estrutura e funcionalidade) sem ter preocupações com o sistema adversário pode ser um grande equívoco. Uma vez que no ambiente competitivo a gestão do caos e do imprevisível são competências fundamentais para jogar bem, inseri-las no processo de treinamento é
condição básica para potencializar um jogar inteligente.

Situações de treino analíticas, sem oposição e que estimulam as habilidades fechadas são exemplos claros em que a gestão do caos e da imprevisibilidade são desconsideradas. Porém, é possível que mesmo em situações de treino que se aproximem da realidade do jogo as competências supracitadas sejam minimizadas. Um exemplo disto é a realização de um treinamento em que o “time de cima” se distribui em campo e tem regras de ação semelhantes ao “time de baixo”. Como outro exemplo, um treino em que o time titular enfrenta os suplentes que jogam de maneira distinta do próximo adversário.

Neste caso, a imprevisibilidade e a gestão do caos num jogo de um time que pressiona alto de forma zonal e coletiva, retira a bola do setor de recuperação com passes curtos e inversões, faz campo grande a atacar buscando a progressão com circulação e tenta recuperar a posse de bola imediatamente após a perda são bem diferentes se comparadas a um time que joga em bloco baixo, marca de maneira individual, retira a bola do setor de pressão com bolas longas verticais, ataca com poucos jogadores buscando situações de 1×1 ou cruzamentos e pressiona individualmente após a perda.

Então, uma solução para a operacionalização de um microciclo que atenda as reais demandas do futebol está nos Jogos Contextuais. Como conceito, estes jogos são pensados em função das características de jogo do próximo adversário: a plataforma, os comportamentos ofensivos, defensivos, de transições, de bolas paradas, além das características dos jogadores em cada posição devem ser simulados por parte da equipe, geralmente os suplentes, com o objetivo de se aproximar da realidade da competição.

Tempos atrás, neste mesmo espaço, foi publicado que as atividades contextuais são realizadas em ambiente específico, ou seja, nas dimensões oficiais do jogo. Depois de muitos treinos, discussões, reflexões, acertos e erros, pode ser afirmado que estes jogos tem possibilidade de aplicação em qualquer dimensão. Em espaços reduzidos e com menos elementos é mais fácil aumentar a densidade de ações dos comportamentos de jogo que precisam ser estimulados.

Se, por exemplo, no próximo final de semana o adversário apresenta como características de jogo a marcação individual dos volantes, zagueiros e laterais e o excesso de chutões na construção do jogo ofensivo (infelizmente uma tônica em muitos jogos do nosso país), este conteúdo precisa ser adequadamente estimulado ao longo da semana de treinamento. Desta forma, em competição, a equipe poderá melhor se organizar no característico ambiente caótico que é o jogo e reagir melhor aos “previsíveis problemas imprevisíveis” que o adversário a impõe.

Quanto mais inteligente a equipe maiores as possibilidades de sucesso no confronto de sistemas.

Pra concluir, vale lembrar que num processo de formação o excesso de jogos contextuais pode castrar o desenvolvimento dos suplentes. Pelo que foi discutido, a falta destes jogos pode aumentar as chances de derrotas. Que todos treinadores tenham coerência, discernimento e respaldo para atingirem este difícil equilíbrio.

Abraços e bons treinos!
 

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