Torcida pela seleção

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Essa sempre foi uma das maiores críticas de Dunga, enquanto comentarista do BandSports na Copa de 2006, para com o comportamento da mídia. Não se pode torcer contra a seleção brasileira quando começa a Copa do Mundo. O jornalista, na cabeça de Dunga, tem de apoiar e se apoiar no time nacional. Hoje, como treinador da seleção, sua cabeça é ainda mais firme nessa convicção.

Mas não é apenas Dunga quem tem esse tipo de racha com a mídia. Em quase todos os treinos de seleções, vimos treinadores e jornalistas duelando em torno do mesmo tema quase que o tempo todo. O desabafo de Maradona após conquistar a vaga para o Mundial é uma das sínteses desse fenômeno que acomete toda seleção que vai para a Copa.

Mas afinal, vale ou não torcer pelo time que representa o seu país?

A pergunta é emblemática e geralmente não está bem resolvida na cabeça do próprio jornalista. Em busca de justificativas para dizer o motivo de estar torcendo pela seleção brasileira, geralmente o primeiro argumento é de que “se não fosse o time nacional, a ida para o evento simplesmente não aconteceria”.

Balela pura.

O Brasil não tem tradição em Jogos Olímpicos, mas mesmo assim manda centenas de jornalistas para a cobertura do evento. Da mesma forma, na última edição dos Jogos de Inverno, tivemos cinco atletas na competição e mais de uma centena de jornalistas brasileiros na cobertura, in loco, do evento. Não é o Brasil que leva a mídia ao evento, mas o evento que justifica a atração da mídia para ele.

Só que o mais curioso é observar que, mundialmente, a história se repete. Dunga, Maradona, Marcelo Lippi, Carlos Queiroz… Não faz diferença quem é o treinador ou qual é a seleção. O jornalista, via de regra, acha que está faltando algo para a seleção de seu país.

Os maiores entreveros entre jornalista e entidades aqui na África do Sul aconteceram durante as entrevistas coletivas. De tanto controle que se tenta fazer para manipular a saída de informação, fica claro que isso só desgasta a relação jornalista-seleção.

Mas o engraçado mesmo é quando a bola começa a rolar. Aí parece que todo o discurso é abandonado, e o jornalista torna-se tão torcedor quanto quem está no país, torcendo pela vitória do time nacional.

Está claro de que torcer é o que o jornalista mais faz em terras sul-africanas. Independentemente de país e relacionamento com o treinador, o que importa é ver o time sair de campo com um trunfo.

No final das contas, os atritos entre treinadores e jornalistas se dão porque ambos não sabem quando é a hora de torcer e quando é o momento de trabalhar. Quando chegarmos a essa proporção, as notícias vão ter mais qualidade. E os eventos, certamente, serão muito mais tranquilos para se trabalhar… Tanto de um lado, quanto do outro.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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