Visão sistêmica

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Na parte tática do futebol, o português José Mourinho foi um dos primeiros a falar de forma mais embasada sobre os modelos de jogo, a partir de uma percepção sobre o todo em detrimento à soma das partes. Sua base de conhecimento estava alicerçada, principalmente, na filosofia do esporte, do também português Manuel Sergio, que foi seu grande inspirador. Anteriormente, outros treinadores já haviam aplicado princípios similares, incluindo Telê Santana. Pep Guardiola, por sua vez, tem aperfeiçoado ainda mais este conceito e vem trabalhando há algum tempo sob uma perspectiva inovadora do treinamento.

Mas não vou me dedicar à análise tática do futebol, até porque estou como muitos técnicos brasileiros: faz tempo que não a estudo com maior profundidade. Me arrisquei nos comentários do primeiro parágrafo apenas para introduzir a lógica de raciocínio que alguns destes treinadores chamados modernos possuem a partir de uma visão holística sobre as suas atividades de treinamento com equipes de alto rendimento. E, apesar da ironia inicial com os treinadores brasileiros, sabe-se que temos muitos já com pensamentos e perspectivas de utilização deste conhecimento na prática. Só não encontram amparo para o aplicar em sua plenitude em boa parte dos clubes brasileiros.

E é aí que começa o enredo desta coluna. Cada vez mais estou convencido de que os campos de conhecimento dentro de um clube de futebol não podem ser tratados como células. Certamente não sou o único! O fato é que está cada vez mais difícil separar e discernir as atividades de marketing da agenda de treinamento da equipe ou da gestão em termos de política e aspectos financeiros da questão psicológica e médica dos atletas.

Enfim, o clube como um todo é um sistema complexo. Ainda mais os clubes no Brasil, pois aí entra o componente político, que é um elemento fundamental para a nossa existência, tanto para o bem quanto para o mal. Não compreender que cada detalhe dentro do clube, desde o bom dia do porteiro até o gol do centroavante, pode afetar o desempenho organizacional tem sido o maior erro de avaliação das nossas entidades. O São Paulo FC, junto com Juan Carlos Osorio, foram as vítimas desta semana, impactados especialmente por uma visão míope dos negócios do futebol a partir do ambiente político.

Tudo tem seus porquês e pode ser melhor trabalhado e controlado, desde que se tenha consciência sobre o fenômeno e se saiba aplicar as melhorias necessárias. A vida e a carreira de treinadores dependem essencialmente disso. A vida de milhares (para não dizer milhões) de crianças e adolescentes que sonham em desenvolver habilidades no futebol dependem disso.

A irresponsabilidade na gestão e a falta de uma visão técnica e sistêmica sobre os clubes enquanto organização pode e deve ser revertida, para o bem do futebol brasileiro. E que seja feita de maneira mais veloz do que o que se tem aplicado atualmente, sob pena de termos um Maracanã lotado em 2017… para ver Real Madrid x Barcelona em campo!

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