A carreira e o mercado de trabalho no futebol

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Existe um ditado popular que afirma: “Se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia”.

Esta máxima, que você já deve ter escutado inúmeras vezes e, talvez, pronunciado quando estava avesso às opiniões alheias, retrata bem o que não deve balizar a sua conduta profissional.

Com alguns exemplos, na coluna de hoje tentarei retratar a relevância dos (bons) conselhos em nossa trajetória profissional. Se considerarmos os cargos disponíveis na gestão de campo (treinadores, assistentes, analistas, preparadores e adjuntos), é certo que existem cerca de 50 vagas no Brasil, para cada uma destas funções, que representam o topo do mercado de trabalho. É claro que dentre estas 50 vagas, as diferentes condições estruturais e financeiras dos clubes proporcionam um ranking que elitiza ainda mais os principais cargos de gestão de campo do futebol brasileiro.

É grande a chance de você que está lendo esta coluna não estar (bem como este que vos escreve), atualmente, numa destas vagas. Ao mesmo tempo, cabe a você construir a sua história, trilhar os seus caminhos e tomar as decisões que poderão conduzi-lo ao topo de sua profissão, ao menos no âmbito nacional.

Ao longo de minha ainda curta carreira profissional, uma das decisões que tomei (mais de uma vez) foi ter os ouvidos sempre prontos para escutar profissionais que, de alguma forma, exercem influência sobre minha atuação.

E entre os inúmeros conselhos que ouvi ao longo de quase 8 anos de profissão, três (de três profissionais diferentes) marcaram muito e foram determinantes nas constantes tomadas de decisão que são inerentes a nossa carreira. Foram estes:

“O mercado precisa saber quem você é, pois quem não é visto não é lembrado.”

“Você está preparado. Acredite!”

“A carreira no futebol não é linear.”

O primeiro conselho surgiu num momento de pouca experiência profissional e crença de que um trabalho bem feito, independentemente do local, seria suficiente para atrair os olhares do mercado e proporcionar um convite/proposta de crescimento profissional. Na ocasião fui alertado que o mercado precisaria saber quem eu era e quais eram as minhas ideias sobre o jogo de futebol.

O segundo conselho surgiu num momento em que hesitei participar de um processo seletivo (se é que podemos chamar de processo seletivo a maneira que o clube em questão contratava profissionais) para ser treinador numa das equipes das categorias de base de um grande clube do futebol brasileiro.

Ao comentar com um companheiro de profissão, ele me disse que eu estudava futebol constantemente, estava atualizado em relação as metodologias de treinamento e não possuía menos competências do que muitos outros profissionais que já haviam ocupado o cargo e, portanto, estava preparado. Naquele momento aprendi que deveria acreditar mais em mim e em meu trabalho.

E, por último, o conselho que inicialmente me incomodou, pois estava certo de que, após trabalhar como auxiliar-técnico do profissional e técnico de uma equipe sub-20, os próximos trabalhos seriam exclusivamente com estas categorias. Em minha (equivocada) opinião, profissionalmente, não seria cabível retornar as equipes iniciais de formação. Era mais uma de minhas crenças e esta classificava como um “rebaixamento” retornar a uma função com crianças e adolescentes. Através do conselho pude ampliar o olhar e entender melhor a rotatividade e dinâmica do mercado de gestores de campo e o quanto são distintas de outras profissões. Do momento em que o conselho foi dado até hoje, saí de uma equipe sub-17, passei pela sub-13, 17 e profissional de outra e, agora, estou em uma sub-23 de outra. Como “vítima” da rotatividade e dinâmica, uma crença poderia ter me impossibilitado de vivenciar experiências profissionais incríveis.

Quem me deu o conselho, recentemente saiu de uma equipe sub-15 para trabalhar com profissionais. Mais uma grande prova de que “a carreira no futebol não é linear”.

Para terminar, é bem provável que você ainda não esteja no ponto máximo que almeja para a sua carreira (bem como esse que vos escreve). É certo também que alguns conselhos não são suficientes para conduzir uma vida profissional de sucesso. Some a essa caminhada inúmeros desafios, aprendizados, escolhas, acertos, erros, vitórias, derrotas, alegrias, decepções, conquistas e fracassos. Some também inúmeros conselhos que não lhes serão úteis. Cabe a você ouvi-los e ter capacidade de discernimento.

Para você, deixo o meu conselho: Dedique-se muito, mantenha expectativas realistas e acredite que é possível chegar aos principais cargos de gestão de campo do futebol brasileiro. Dizem que se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia. Você tem algum?

ps: Obrigado a todos que, em algum momento, me deram conselhos e, em especial, aos 3 profissionais que me referi na coluna. 

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