A corrente “futebolística” do bem

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Quarta-feira, 10/08/2011, 19h e assunto da coluna semanal definido. Porém, antes de redigi-la, uma rápida leitura sobre os acontecimentos esportivos do dia (especialmente futebolísticos) para acompanhar o mercado faz com que o tema pensado para esta semana continue arquivado.

Com a derrota da seleção brasileira por 3 a 2, fora de casa, para a Alemanha e as duras (e injustas) críticas feitas pela imprensa nacional ao treinador Mano Menezes, algum texto deveria ser publicado com o intuito de poupá-lo e propor uma discussão mais abrangente além das pressões, desconfianças e questionamentos da competência exercidos sobre o treinador.

Como somente um texto é insignificante para combater as já conhecidas análises imediatistas, que se reproduzem exponencialmente e que se baseiam somente em resultados, será proposto um desafio a você, leitor, inspirado no filme dirigido por Mimi Leder, denominado A Corrente do Bem (2000).

Neste filme, indispensável para quem quer aprender sobre a vida, quer dizer, sobre o futebol, Trevor é um menino cursando a sétima série, que tem como trabalho escolar na disciplina de Estudos Sociais a tarefa de pensar uma maneira de transformar o mundo e tentar colocá-la em prática.

A ideia do jovem, que inclusive intitula o filme, tem três premissas: fazer algo por alguém em que este não pode fazer por si mesmo, fazer isso para três pessoas e solicitar que a pessoa ajudada faça o mesmo para outras três. Como objetivo final, com a aceitação e participação das pessoas, as boas atitudes evoluirão em progressão geométrica. Idealismo, é claro!


 

Transferindo para o desafio em questão, a missão de cada um é, em sua próxima discussão sobre futebol em que o trabalho de Mano Menezes seja posto em xeque, argumentar a favor do projeto comandado pelo treinador visando à Copa de 2014.

Bons argumentos não faltam para contrapor àqueles que já afirmam que um ano de trabalho e 13 jogos (6 vitórias, 4 empates e 3 derrotas) é tempo suficiente para a seleção convencer:

– Robinho e Ganso, sozinhos, não conseguem trazer as vitórias ao Brasil, assim como Messi, o melhor jogador do mundo, não foi suficiente para levar a Argentina ao título. Não entrem em detalhes, mas sabemos que o todo é maior do que a soma das partes;

– Se existe um período em que o Mano deve observar outros jogadores na seleção brasileira (conduta, comportamento em equipe, performance de campo), este período é agora e não quando faltar um ano para o início da Copa do Mundo, onde os ajustes nos elementos da equipe deverão ser mínimos;

– O Modelo de Jogo apresentado no Mundial 2010 agradou a pouquíssimos brasileiros. Está claro que Mano Menezes pretende aplicar um jogar com a cara do Brasil, mas que acompanhe as evoluções do futebol moderno. Para isso, tempo, que ele ainda não teve, é fundamental.

– Exemplos recentes, como a Espanha e o Uruguai, no profissional e na base, têm mostrado que a solidificação e sustentabilidade de um projeto somente serão estabelecidas se os resultados estiverem planejados, pelo menos, para o médio prazo;

– Se as cobranças, desconfianças e pressões permitirem, o trabalho de base da seleção brasileira terá continuidade e poderá proporcionar à nação o espetáculo que ela espera ver, aperfeiçoado em anos de formação com a camisa amarela.

– E, para encerrar os argumentos, qual treinador está preparado para substituir Mano Menezes e aplicar, imediatamente, um belo futebol, recheado de vitórias e com grande probabilidade de conquista do hexa em 2014? Peça para justificar a resposta!

Assim como no filme, não espere convencer a todos; no entanto, não deixe de fazer a sua parte, pois lembre-se que eles não podem fazer por si mesmos. Se três pessoas com as quais você conversa sobre futebol mudarem o discurso e essas três pessoas conseguirem, cada uma, mudar o discurso de outras três e assim sucessivamente, logo será observada uma progressão geométrica a favor do projeto de renovação da seleção brasileira.

Se for considerada a visibilidade do portal Universidade do Futebol e o público-alvo, a possibilidade da mencionada progressão chegar ao conhecimento dos formadores de opiniões, ou seja, da mídia, é grande.

E, se por ventura, algum dia, a opinião dos formadores de opinião se modificar, as consequências positivas ao futebol brasileiro serão significativas, porque o discurso comum do resultado imediato, da vitória a qualquer custo, dos gastos exorbitantes, da valorização individual, das matérias sensacionalistas e da troca de treinadores como solução dos problemas de gestão será substituído.

E entrará em campo o discurso do resultado planejado, com gastos condizentes às realidades de cada clube, da valorização do coletivo, das matérias com críticas construtivas e da permanência e projeção de bons treinadores como produtos de uma boa gestão.

Aproveite a corrente “futebolística” do bem e a progressão geométrica por ela proporcionada para ajudar as pessoas quanto às tendências de ensino do futebol e a metodologia de treinamento. Assim como a atitude iniciada por Trevor se espalhou por diferentes lugares dos EUA, o iniciado por você pode alcançar diferentes lugares e pessoas em todo o Brasil.

Idealismo, é claro!

Ps: Quarta-feira, 10/08/2011, 22h45m. Em nota publicada no site da entidade esportiva brasileira (às 19h38m), Ricardo Teixeira afirma: “O trabalho segue com toda a confiança da CBF.”
Ufa…

Para interagir com o autor: eduardo@149.28.100.147  

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