A descentralização de Mano Menezes

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

Olá, amigos!

Com a apresentação de Mano Menezes, muitas coisas ficaram no ar, com aquela sensação de tentarmos entender o que virá pela frente.

Na entrevista que Mano concedeu à Universidade do Futebol, um trecho mostra bem uma boa perspectiva de mudança. Não que seja algo que o treinador já não fazia, mas que agora como técnico da seleção, consegue transformar em referencia nacional.

Mano disse:

“O nosso dirigente tem a ideia muito clara que quer mandar. E delegar poderes é complicado”.

Ao colocar esse aspecto, Mano Menezes indica claramente duas grandes características que o destacam no cenário do futebol.

Primeiro, ele entende que o dirigente tem essa mentalidade e essa necessidade, e consegue, ou pelo menos aparenta saber lidar com isso, “deixando” o dirigente “mandar” até onde lhe é possível, sem se incomodar por ter o brilho de técnico ofuscado (o que para alguns pode ser um grande pesadelo).

E por fim consegue delinear um perfil de comando, na qual delegar funções é imprescindível. Isso fica claro no esboço do organograma que Mano tem construído como seu staff na seleção brasileira.

A presença de Rafael Vieira, apresentado como analista de desempenho, é um grande avanço.

Alguns podem chamá-lo de estatístico, como seria no basquete. Outros ainda falarem que é o nome moderno para olheiro. Mas a mudança de nome permite a valorização do profissional com alto nível de conhecimento do futebol e com alto grau de relacionamento e importância na comissão técnica.

Defendemos em outros textos a presença do que chamamos central de inteligência do jogo, na figura de alguém da comissão técnica com capacidade de interpretar as informações oriundas de diferentes fontes, sobretudo com os recursos tecnológicos disponíveis hoje em dia, a qual chamamos de analista de scout. A nomenclatura atribuída por Mano me parece também muito inteligente.

A escolha de um profissional e a atribuição para uma função específica e destacada logo na primeira entrevista de Mano reforça o que o próprio treinador diz sobre a importância de delegar funções. E discuto um pouco mais a importância da delegação de funções a seguir.

Buscando alguns elementos nos estudos de gestão de pessoas, observamos que a delegação é compreendida como o ato de designar a uma pessoa ou grupo de pessoas responsabilidades e/ou tarefas. É necessário que a pessoa que será designada para desempenhar os papéis e exercer determinadas responsabilidades apresente capacidades e competências para tal, o que implica em dizer que a escolha da pessoa passa por um rigoroso crivo do gestor (treinador).

Por outro lado, cabe também ao gestor garantir a autoridade necessária para a tomada de decisões por parte do seu subordinado, caso contrário não se estabelece um processo de confiança o que pode implicar em retrabalho de ambas as partes.

Outro ponto no qual se sustenta a eficiência da delegação é a confiança. Ao delegar algo para alguém você demonstra confiança em sua responsabilidade e comprometimento. E neste aspecto é imprescindível que o gestor se “afaste” de alguns pontos das tarefas designadas para que seu subordinado sinta que realmente existe essa confiança, embora a responsabilidade final do processo recaia ainda sobre o gestor.

A delegação é fruto essencialmente de duas situações vividas pelo gestor: ou pela limitação de conhecimento que possuem para determinadas tarefas, ou por questão de tempo e acumulo de tarefas. O que muitos técnicos fazem é se prevenir de que a primeira hipótese não se confirme.

No caso de Mano Menezes, a consciência do acumulo de funções e da necessidade de uma gestão interdisciplinar demonstram muita clareza e segurança na delegação das funções.

Alguns podem dizer que muitos clubes e treinadores já delegam funções, porém, devemos atentar que existem algumas armadilhas. Entendendo aqui o treinador como o gestor desse processo, temos os seguintes riscos:

o acumulo funções em si resultando numa delegação insuficiente

sentir-se confortável com a delegação de funções que perde o controle sobre as mesmas, delegando em excesso.

Sobre a função do analista de desempenho, discorreremos um pouco mais em próximas contribuições.

Que a boa receptividade da mídia e a esperança positiva dos torcedores possam continuar a partir de quando começarem os jogos. Porque, afinal de contas, sabemos como é o futebol…

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso