A soma de todos os medos

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Dizem que a ignorância é o que provoca o medo nas pessoas.

Portanto, muita ignorância pode proporcionar muito medo em muitas pessoas.

No filme A soma de todos os medos (2002), baseado em obra homônima do escritor Tom Clancy, Jack Ryan interpreta um analista de relações internacionais da CIA, a famosa central de inteligência dos EUA.

O protagonista é especialista na biografia e trajetória política do novo presidente da Rússia.

Nesse sentido, conhece todos os detalhes do político, que lhe permitem aconselhar o presidente americano e o Departamento de Defesa na condução do relacionamento bilateral.

Entretanto, uma conspiração política, provocada por espionagem e interesses de terceiros, ameaça essa estabilidade no pós-Guerra Fria.

Logo, essa intervenção, alheia ao conhecimento recíproco de cada um dos lados, dá lugar a uma escalada de ignorância, que só faz aumentar o medo de que retaliações já iniciadas se transformem numa guerra nuclear.

A certa altura, o medo é tão grande que já não importa mais racionalizar quem fez o que – ou quem começou o quê…

Afinal, o terror já se instalou nos tomadores de decisão dos dois países.


 

O medo da Fifa em que a África do Sul, país-sede da Copa do Mundo 2010, fosse cenário de carnificina, estupros, assaltos, sequestros, fez com que exigisse a instauração dos Fifa Court – tribunais especiais para julgar crimes ocorridos durante e vinculados ao evento.

Nas nove sedes, foram criados 54 tribunais especiais, em que os ritos processuais são sumários (cinco dias).

Poderia parecer um grande avanço diante de um sistema judiciário moroso, como costuma se afirmar no caso do próprio Brasil.

Entretanto, muitos direitos internacionalmente assegurados pela evolução do processo penal são turbados, como a ampla defesa, o contraditório e o devido processo legal, produção de provas, grau de recurso.

Obviamente que são julgados delitos menores. Mas há que se proteger os conceitos do devido processo legal e que não se jogue fora o conjunto de leis e direitos do país-sede – acima dos interesses da Fifa.

Em um dos tribunais, dois homens do Zimbábue, estavam sendo julgados por roubo. Mas o caso seguiria mais tarde pela falta de intérprete na instrução do processo.

Em 2014, o Brasil estará na pele da África do Sul.

O modelo do Fifa Court deverá se adaptar ao nosso sistema constitucional. Não o contrário.

Não se deve deixar prevalecer um ambiente kafkiano de perseguição e acusação baseado no desconhecimento, tanto de quem julga quanto de quem é julgado.

Porque a ignorância leva ao medo. E o medo leva ao terror.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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