Adilson Batista e o uso da tecnologia: podemos mais…

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Em notícia recente no site Globoesporte.com o técnico Adilson Batista revelou usar recursos tecnológicos na preparação da equipe.

“Como eu sempre faço, mostrei para os jogadores algumas jogadas no computador. Mostrei fotos com o posicionamento dos adversários e situações que poderiam acontecer no jogo. Acabou dando certo contra o Santos – explicou o comandante alvinegro.”*

Para nós, que defendemos o uso dos recursos na preparação da equipe, poderia ser uma grande notícia. Mas devemos ser críticos e não superficiais.

Mérito de Adilson, sem dúvidas. Talvez esteja aí um dos motivos que o projeta como um dos treinadores de ponta para os próximos anos. Um dos motivos, não o único.

Ao reconhecer que seu trabalho pode ser ajudado pelos recursos, o Adílson dá sinais de que tem humildade suficiente para assumir que ele sozinho não é o senhor de todo os métodos e conhecimentos, como há muito vemos no futebol. Além da humildade, o comandante alvinegro apresenta uma capacidade rara aos treinadores, que é a habilidade de tirar proveito dos recursos para aperfeiçoar seus métodos.

Isso porque além daqueles que se julgam superiores a tudo, inclusive mais rápidos, mais dinâmicos e com memória maior do que o mais incrível computador já feito pelo homem (não estamos falando de inteligência, essa sim exclusiva do homem), existe uma outra leva de profissionais que criticam ou recriminam o uso da tecnologia pelo simples fato de criar expectativas erradas, ao esperar que um notebook entre na área e mande a bola para o gol após uma cobrança de escanteio.

Assim, ressalto a capacidade de Adilson em entender os recursos como auxiliares, ferramentas de otimização de seu trabalho. Mas ainda aproveito a notícia para levantar uma reflexão.

Apenas o uso de imagens pode ser considerado como grande avanço tecnológico? Será que os recursos hoje disponíveis no mundo não podem ser mais bem utilizados ou ainda melhores desenvolvidos para servirem aos técnicos?

Julgo então, que uma notícia com esse teor, ganhar o destaque que ganhou, é preocupante para nós que trabalhamos com a tecnologia no futebol e defendemos seu uso. Isso porque já imaginávamos que a tecnologia a serviço dos técnicos estivesse alcançando outros níveis de maturidade em alguns casos.

E o problema não está na escassez de recursos ou tecnologias disponíveis para desenvolver ferramentas cada vez mais práticas e importantes para os técnicos. Falta para alguns a consciência e tranquilidade que Adilson teve para assumir a “ajuda” tecnológica, entendendo que ela não desmerece nem desqualifica seu trabalho, e falta também a competência para transformar os dados em conhecimento.

Porque computadores trazem dados, já o conhecimento é parte do homem. É nesse sentido que precisamos caminhar, pois só imagens com ângulos, focos, ou replays variados estão longe de atingir a capacidade do ser humano em usar a tecnologia.

Finalizo com a frase que sintetiza isso, que já utilizei em outros momentos.

“Nossa tecnologia passou a frente de nosso entendimento, e a nossa inteligência desenvolveu-se mais do que a nossa sabedoria.” (Roger Revelle)

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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