Antecipação

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O futebol moderno demanda, cada vez mais, rapidez de raciocínio e de execução nos movimentos protagonizados pelos jogadores individualmente.

Coletivamente, isso se transforma em domínio do jogo, uma vez que, ao se antecipar ao adversário e à leitura do cenário – muitas vezes, de forma intuitiva e assentada na complexa trama neural no cérebro – uma equipe se sobrepõe à outra em busca dos gols e das vitórias.

A antecipação é favorecida pelo treinamento, pela repetição, pela sucessão de erros e acertos que fazem com que os comportamentos sejam automatizados de acordo com cada circunstancia que se apresenta nas situações de jogo.

Entretanto, ao contrário do que se possa imaginar, não existem poderes premonitórios, esotéricos ou sobrenaturais quando se trata desta capacidade de prever analiticamente variáveis, executar movimentos e alcançar resultados.

Os mais modernos estudos da neurociência apontam para a direção de que, sim, é possível treinar a mente humana para que a capacidade motora seja aperfeiçoada. O resultado é o corpo e a mente agindo em sintonia e deixando perplexos os admiradores dos grandes craques do futebol.

É disso que vem a expressão “como é que ele consegue fazer isso?” quando uma jogada espetacular acontece nos gramados.

Porém, a cultura, a história e a formação do povo brasileiro sofreram com o pendor das invocações religiosas, em contraponto à racionalidade e ao pragmatismo.

Fosse para explicar o sucesso. Fosse para entender as tragédias.

Sempre a explicação está fora do sujeito. Nunca dele faz parte.

Às vésperas de Copa do Mundo no país e, na esteira, de eleições majoritárias, o que impera é a ansiedade por encontrar culpados pelo sucesso e pela tragédia.

Ansiedade é uma das piores sensações que se pode vivenciar. Paralisa o corpo. Entorpece a mente. Prejudica a visão e a capacidade de crítica e execução.

Não é fato novo a realização da Copa do Mundo no Brasil. Foram sete anos de tempo para se preparar e antecipar-se aos problemas.

Ou só agora o quadro de falta de infraestrutura no país é evidente? Problemas de segurança, transporte, educação, capacitação profissional jamais existiram fora do contexto da Copa do Mundo?

E os órgãos de fiscalização e controle, onde andavam antes e ao longo das obras – incluindo estádios – para que cumprissem seu dever legal e não deixassem haver desperdício e descaminho de dinheiro público?

O problema do Brasil é a transferência de responsabilidade. Como país, parecemos um filhinho mimado que não recolhe e lava a louça do almoço porque sabe que a mãe vai fazer, porque sempre foi assim na casa dele…

Logo, na conjunção de eleições e Copa do Mundo, toda sorte de argumento enviesado pode sofrer apropriação indébita pelos espertalhões.

E os há na política e no futebol aqui no Brasil. Porque ambas as instituições fazem parte da nossa sociedade.

Se você não quer que o Brasil sedie mais uma Copa do Mundo daqui a 50 anos, comece desde já a assumir sua parcela de responsabilidade na decisão e vote bem em outubro.

Se você quer, o caminho é o mesmo.

Mas, sugiro se antecipar a esse momento e começar, desde já, a avaliar o cenário.

Não tem salvação divina ou extraterrena.
 

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