As tomadas de decisão, as transições defensivas e a provável eliminação na UCL 2011/2012

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

O melhor torneio de clubes do mundo está na fase eliminatória com somente 16 participantes. Milan e Arsenal formam uma das chaves das oitavas de final da Uefa Champions League 2011/2012 e foi o jogo escolhido para as reflexões desta coluna. Na partida de ida, vitória do Milan por 4 a 0.

Na postagem da última semana, foi mencionada a importância de todos os atletas conseguirem “jogar o mesmo jogo nas transições”. No confronto entre Milan e Arsenal, a equipe italiana teve comportamento determinante para o resultado do jogo em suas transições ofensivas e, consequentemente, a equipe inglesa também teve comportamento determinante, porém negativamente, em suas transições defensivas.

Sabe-se que, ao perder a posse de bola, dois comportamentos coletivos podem ser realizados. Um deles é o de busca imediata pela recuperação da posse e o outro é o retorno da equipe até outras referências de marcação (linha da bola ou determinada região do campo), para posterior recuperação.

Para cada um dos quatro gols do Milan, será feita uma explicação dos comportamentos realizados pela equipe do Arsenal, considerando sua plataforma de jogo (1x4x2x3x1) e as regras de ação de alguns jogadores.

No lance do primeiro gol, após a perda da posse de bola, é evidente que o Arsenal opta por reposicionar sua equipe defensivamente e impedir progressão do adversário. Para que este mecanismo coletivo seja corretamente aplicado, os setores entre a bola e o alvo devem ser devidamente protegidos para evitar a ocorrência de situações de finalização a partir de movimentações ofensivas (penetração, profundidade, ultrapassagem, fintas e dribles).

Nocerino, jogador do Milan, que recuperou a posse e teve espaço e tempo para agir assiste à Boateng que, sob a mesma condição (espaço e tempo para a ação) tem possibilidade de finalização. Os erros de decisão de Vermaelen, central pelo lado esquerdo, e Koscielny, central pelo lado direito, expõem o que não pode ser exposto por quem opta pelas referências operacionais que não a de recuperação da posse: a zona de risco.

Vermaelen decide seu posicionamento em função da bola, da sua meta, do adversário com posse e de Ibrahimovic. Já Koscielny define o seu a partir das mesmas referências, porém, ao invés de Ibrahimovic, Robinho. Ambos “esquecem” de Boateng. A conclusão da jogada pode ser vista abaixo:

A ação do segundo gol tem início em nova perda da posse de bola, no entanto, desta vez existe um comportamento coletivo de tentativa de recuperação, observada pela diminuição do espaço em que se encontra a bola feita pelo lateral direito Sagna, pelo volante Arteta e pelo meia direita Walcott. Este mecanismo, ineficaz nesta ação, novamente permitiu espaço e tempo, desta vez para Emanuelson, que realizou um passe vertical para Ibrahimovic com posterior erro decisório da equipe inglesa: a linha de impedimento com ações individuais distintas. Koscielny adianta a linha de marcação, porém, o movimento não é acompanhado por Vermaelen e pelo lateral esquerdo Gibbs. Acompanhe toda a jogada e sua conclusão no trecho a seguir:

Já no terceiro gol, após passe errado de Rosicky, Arteta e depois Vermaelen tentam, sem sucesso, a recuperação da posse com pressão em Robinho e Ibrahimovic, respectivamente. Na mesma ação, laterais e o volante Song recompõem e Djourou (central que substituiu Koscielny, lesionado) retarda a ação. Com Ibrahimovic novamente pressionado, desta vez por Sagna e com a linha defensiva formada, o Arsenal volta a errar a decisão com Song, que não posiciona em frente aos quatro defensores entre bola e alvo, logo, deixa o setor de finalização exposto para Robinho. O escorregão de Vermaelen, contrariando o comentarista, não foi a falha determinante para a ocorrência do gol.

Para a jogada do quarto gol, pedirei sua opinião, caro leitor. Quais as falhas defensivas apresentadas pela equipe do Arsenal após a perda da posse de bola por Rosick? Eventualmente, peço a participação de vocês, pois julgo como fundamental para a coluna possibilitar maiores reflexões.

A opinião aqui exposta só ganha significado se em alguns lugares desse imenso país e, inclusive, fora dele (certo, Álvaro?) mais pessoas estiverem pensando sua prática a partir dos conteúdos aqui expostos e sendo críticos o suficiente para interpretá-los, questioná-los e, acima de tudo, (re)significá-los diante de suas próprias realidades.

E mais do que as respostas, como fiz nas jogadas dos três primeiros gols, são as perguntas que potencializam as discussões. Discussões que fazem surgir opiniões como a do leitor Felipe Sampaio, adjunto na base do Santa Cruz-PE e que está no caminho certo em suas reflexões sobre a Metodologia de Treinamento.

Abaixo, o último vídeo, sem edições (em dois links devido às problemas na publicação):

Pode ser que algum leitor me escreva mencionando que o Arsenal não teria apresentado estes problemas de transição defensiva se fosse mais eficiente em sua organização ofensiva, pois perdeu a posse de bola em quatro situações relativamente simples para uma equipe de alto nível do futebol mundial.

E eu concordaria com a resposta!

Coisas do (complexo) futebol…

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso