Assentos marcados

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Complementando a abordagem da semana passada, em que relatei a experiência de ir à inauguração do Maracanã no jogo Brasil x Inglaterra, gostaria de avançar sobre o debate (eterno) dos assentos marcados em estádios, que é uma realidade na Europa e deverá ser uma tendência nas novas arenas brasileiras.

Alguns críticos ou até mesmo uma parcela significativa do torcedor comum argumenta sob a ótica do "popular", que a existência de cadeiras marcadas tenderia ao aumento do ticket médio, afastando os espectadores de menor renda e, por tabela, as torcidas organizadas.

Estes argumentos são fruto de uma mudança cultural. Tal e qual se dizia que a proibição de fumar dentro de bares e restaurantes acabaria com o lucro destes empreendedores. Ou quando se transformou o cinema e o colocou em locais mais seguros, dentro de shoppings, com cadeiras mais confortáveis, serviços melhores e, naturalmente, ticket médio maior, fazendo com que as pessoas de menor renda tenham que esperar o filme ser exibido em TV aberta alguns anos depois da sua estreia no cinema.

Acompanhar jogos de futebol em um ambiente confortável, seguro e com bons serviços é um caminho sem volta. Ninguém mais terá saudade dos antigos estádios após experimentar os novos.

Mas há que se relevar um aspecto importante, o qual já fui mais resistente mas que agora vejo que é possível atender a diferentes classes sociais, com diferentes faixas de preços e serviços adequados para cada setor.

É o tal "Sistema do Avião", em que as pessoas podem partir de um mesmo ponto e chegar em outro, em um mesmo meio de transporte, com serviços diferenciados para quem pagou mais por isso – seja na poltrona mais espaçosa, reclinável ou atendimento de bordo diferenciado.

É o que faz o Borussia Dortmund, que reserva uma parte da arquibancada para a torcida organizada, sem cadeiras, que permite um espetáculo ímpar para quem frequenta o "Signal Iduna Park", registrando quase 100% de ocupação durante uma temporada regular em um estádio com capacidade para pouco mais de 80.000 espectadores.

A linha é esta. A mudança cultural precisa ser feita e, às vezes, ela é dolorosa. O importante de todo esse processo é melhorar a oferta para os torcedores e permitir que os clubes passem a explorar melhor o potencial das arenas em termos de receitas, procurando desvincular a relação direta de "Performance Esportiva x Taxa de Ocupação" do estádio.
 

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

 

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