Bastidores do poder

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O São Paulo FC é o “top of mind” entre os clubes do futebol brasileiro quando se fala de gestão profissional.

O clube, em seu histórico de administração, em especial a partir da construção do estádio do Morumbi, primou pela formação de seus quadros administrativos com profissionais gabaritados para conduzir o seu dia-a-dia.

Entretanto, nem só de profissionalismo vive um clube. Ele também vive de política, ao longo dos mandatos exercidos por seus associados eleitos e, principalmente, às vésperas dos pleitos que renovam ou mantém o poder.

Sabiamente, ao que tudo indica, o clube sempre blindou esse tema e não deixou que as discussões internas atingissem as notícias. Até 2004.

Numa discussão já em âmbito jurídico, situação e oposição debatem a validade do estatuto do clube em vigor. 

A situação se baseia no artigo 217 da Constituição Federal, que prevê autonomia administrativa para as associações em sua organização e funcionamento e respalda mudanças em seu teor sem a necessidade da concordância da Assembléia Geral dos sócios. 

A oposição invoca o Código Civil, cujo teor dispõe de soberania à Assembléia Geral dos associados do clube em casos de alterações no estatuto, inclusive no que tange a duração do mandato – núcleo central da briga.

Enquanto a briga não se resolve no STJ e STF, situação e oposição articulam compor os interesses, ainda que momentaneamente, para evitar prejuízos à instituição.

Esperneios jurídicos à parte, vê-se que a política e os processos eleitorais sempre são assuntos delicados para os clubes de futebol, e no mais das vezes, condicionam ou são condicionados pela gestão profissional. Dependerá do clube e de suas circunstâncias…  

Fatos como esse costumam ser positivos para a evolução das instituições. Ainda que por vias traumáticas, a política e a gestão podem sofrer processos de depuração rumo à maturidade.

Pude vivenciar de perto um grande exemplo dessa maturidade. Em 2006, em viagem de negócios a Madrid, bem no meio da corrida eleitoral do Real Madrid. Havia quatro chapas, com quatro comitês com infra-estrutura e localização de dar inveja aos maiores partidos políticos brasileiros, disputando a eleição num período que durou três meses. Não houve negociatas, acordos ou coligações de bastidores. Ao final, venceu a chapa de Ramón Calderón por uma diferença de 268 votos para um dos concorrentes.

Informação importante: todo candidato a presidente do Real Madrid deve apresentar, dentre outros requisitos, idade mínima de 40 anos e um aval bancário de 15% sobre o orçamento anual do clube. Nas eleições recentes de 2009, isso correspondia a 52 milhões de euros. Prova irrefutável que demonstra que o sócio do clube não está interessado em ganhar dinheiro da instituição, mas dedicar sua experiência profissional e política para a sua administração.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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