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Estádio que terá a abertura da Copa do Mundo 2014, o Itaquerão, cria polêmica desde sua estátua no entorno do equipamento. Com uma obra acelerada, o estádio inova em ideias e uma postura adequada ao futebol, mas que, sem planejamento pode trazer problemas financeiros ao clube.

Dentre as polêmicas, estão: a estátua do “Cavaleiro da Fiel”, o mega telão e os incentivos fiscais. A obra de arte, inicialmente, ganhou repercussão por ser uma estátua de São Jorge, o que mobilizou o público evangélico que não acredita em imagens; posteriormente, o Corinthians se defendeu falando que é um “Cavaleiro da Fiel” e que não tem nada de religioso.

O mega telão, por sua vez, pode garantir rendas comerciais ao clube, se não for impedida pela Lei Cidade Limpa, o que é bastante provável. O clube só conseguirá manter o telão se voltado para dentro da arena ou se conseguir autorização para informações turísticas, história do clube, mas sem intuitos comerciais.

Já os incentivos fiscais, não foram concedidos somente à arena de São Paulo, e nem mesmo por ser o Corinthians ou por ser a Copa. Na região de Itaquera, ganham incentivos fiscais aqueles que propuserem desenvolvimento ao bairro. A polêmica girou em torno das proporções desses valores por serem grandes, mas está tudo conforme o planejado pelo urbanismo.

As arquibancadas removíveis para atender as regras de abertura da Copa do Mundo serão colocadas com dinheiro público, mas vale lembrar que quem ganhará com a abertura será o comércio local, hotéis de São Paulo, e o turismo da cidade, que, sem ela, teria visibilidade, mas nem tanta. Ou seja, o dinheiro retorna, de outras formas, para a cidade. Acaba sendo um investimento público que volta direto para os cidadãos.

Mas, voltando agora para o projeto, vamos para sua arquitetura. Com um novo conceito de segurança e diminuição da violência, o estádio pretende ter banheiros climatizados, o que, teoricamente, diminui o stress dos torcedores, minimizando o furor da torcida e os casos de violência. A fachada do estádio é envidraçada com brises (hastes que barram parte da luz), permitindo a iluminação natural; mas, também, diminuindo a ventilação.

Sob estes dois pontos (banheiros e fachada), vemos que sustentabilidade da arquitetura não é o maior ponto de preocupação da arena de São Paulo, embora as questões tenham suas vantagens. O ideal é que a arquitetura tivesse, já em fase de detalhamento de materiais e estrutura, funções econômicas.

De forma a minimizar esses impactos e suprir os gastos extras, em sua cobertura, o estádio terá células fotovoltaicas para captação da luz solar e geração de energia própria, que será complementada pela rede convencional. Também terá três geradores para casos de emergência – como comparador, o Pacaembu tem um gerador somente para a parte do Museu do Futebol.

Localizado em terreno com desnível, parte do estádio se apoia no terreno, assim como o Pacaembu, como a Fonte Nova, em Salvador, e alguns outros. Isso facilita o acesso em nível, ou seja, um acesso direto à arquibancada, garantindo facilidade de acessibilidade para pessoas com deficiências de locomoção. Essas características podem ser observadas nos cortes abaixo:

Na sequência, podemos ver o acesso em nível, escadas para nível inferior e as rampas de acesso para o anel superior. Dentro da caixa de vidro, também tem rampas de circulação, o que é um ponto forte do estádio, pois garante maior facilidade, maior liberdade para propor assentos de cadeirantes por toda a parte e garantir a facilidade de circulação para posteriores visitas guiadas mesmo com falta de energia. Na caixa envidraçada há também escadas rolantes.

Como podemos ver, sua cobertura é uma das mais bem sucedidas em termos de qualidade a ser proporcionada ao gramado. Pela ausência de anel superior atrás dos gols, a cobertura neste setor é esbelta, e também não tem barreiras laterais de fechamento, o que garante maior incidência de luz natural no gramado ao longo do dia. Isso pode reduzir custos de manutenção do campo e a necessidade de iluminação artificial. Além disso, buracos, falhas e pragas no gramado serão muito menores, mantendo sua qualidade ideal. O estudo da iluminação artificial, fixada na cobertura, está sendo desenvolvida em Nova Iorque e promete ser a melhor do mundo, segundo o escritório carioca responsável.

A acessibilidade ao estádio tem potencial para ser basicamente por transporte público. A intenção é que muitas pessoas cheguem de metrô, trem, ônibus, a pé ou de bicicleta, mas para isso, a cultura de usar o carro e a Radial Leste tem que ser diminuída até a Copa. O Itaú disponibilizará bicicletas e, de repente, seria interessante oferecer benefícios financeiros, como descontos no ingresso, para quem comprove que chegou via esse meio de transporte ou de metrô. A venda direta de ingressos junto a bilhetes pode ser uma forma de incentivo.

Para uma arrecadação financeira, o estádio deve contar com bares temáticos, salão de convenções e museu, mas lembro que precisa de muito estudo sobre a programação dos mesmos para garantir renda ao longo do ano todo, já que o estádio tem uma posição muito boa quanto a não receber shows musicais, o que é muito coerente com a ideia de manter um bom gramado.

 


 

Quanto à visibilidade, o intuito é trabalhar da mesma maneira que os estádios europeus, colocando fim aos alambrados e barreiras verticais – que, de uma forma ou outra, são agressivas em algum ponto das arquibancadas. A intenção é manter barreiras horizontais, como as ‘cat’s cradles’ de Wembley, também usadas no Soccer city, sede da Copa do Mundo em 2010.

 

Acima, Wembley e seus cat’s cradles, e abaixo, o mesmo sistema no Soccer City, na África do Sul


 

O entorno é ainda bem pobre em termos de paisagismo, o que pode aparecer mais adiante, com mais detalhamento. Por ora, tudo que tem divulgado é um grande deserto de estacionamentos, com poucas partes permeáveis. No entanto, imagino que seja o estágio em que o projeto se encontra. Espero gostar mais futuramente do entorno do que gosto hoje, o que tem acontecido cada vez mais com a arena em si.

Infelizmente, detalhes específicos do estádio não estão sendo divulgados, como nos outros. Provavelmente ainda nem estão completos devido ao atraso da cidade de São Paulo para se decidir quanto à sede oficial.


 

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br

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