Coisas que vêm para coisas

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Sessenta milhões e quinhentos mil euros. Aproximadamente cento e cinqüenta milhões de reais.

Esse é o total da dívida dos clubes espanhóis da primeira e segunda divisão com jogadores. Como uma boa parte dos clubes devedores pediu falência, isso significa que uma parcela significativa desse montante não será pago.

Tudo isso lá na Espanha, país de primeiro mundo e recém-expoente do mundo esportivo, seja pela Olimpíada de Barcelona ou pelo Real Madrid, Barcelona, Nadal e Alonso. Apesar de isso por vezes suscitar que a Espanha é um modelo esportivo a ser seguido, esse fato indica que não.

Não que isso seja um fenômeno isolado do futebol espanhol. Acontece também, e muito, na Inglaterra. Clubes não conseguem arcar com as dívidas, contraídas principalmente por culpa da necessidade de contratar e pagar jogadores, e acabam decretando falência.

Lá na Inglaterra, isso acontece muito porque os custos de disputar a Premier League. Para que um clube recém promovido consiga ter um mínimo de esperança em se manter na PL do ano seguinte, ele necessita investir pesado em jogadores. Obviamente que esse investimento muitas vezes não é sustentável. Quer dizer, quase nunca é sustentável. Aí, como o time está num mercado de transferências com certa escassez de talento, ele acaba fechando contratos longos com os jogadores. Mas aí, quando o clube volta pra Segundona, ele tem que arcar com as despesas de salário do ano anterior. Como a diferença de receita da Premier League pra Championship League, a Segundona, é absurdamente grande – principalmente por causa do contrato de TV, ele não tem como arcar com os custos, e aí decreta falência.

Esse problema ficou tão grande que a Premier League teve que tomar duas medidas: 1) Institui o chamado ‘pagamento pára-quedas’ para amenizar o impacto do rebaixamento. Com esse pagamento, o clube que cai de divisão tem direito a uma pequena parcela da receita dos clubes da PL, de forma que ele tenha menos dificuldades para lidar com a nova realidade. Com isso, a PL consegue evitar que os clubes rebaixados quebrem tão facilmente e torna o negócio um pouco mais sustentável. E 2) Qualquer plano de recuperação falimentar precisa priorizar o pagamento dos jogadores. Antes de qualquer outro credor, quem recebe a grana de uma futura reestruturação do clube, o pelo menos daquilo que estiver sobrando no bolso, para pagar jogadores. Com isso, a PL dá condições, ainda que mínimas, para evitar o problema que acontece hoje na Espanha.

Isso é um processo natural, uma vez que, em um mercado de competição, com grandes somas de dinheiro vêm grandes desigualdades.

É aquela velha história. Existem males que vêm para bem. E bens que vêm para mal. E males que vêm para mal. E bens que vêm para bem.

Enfim, você entendeu.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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