Com a bola toda

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Em setembro de 2001, o bastidor do futebol brasileiro estava tenso. Era “final de Copa do Mundo”, como fazia questão de dizer a seus pares Ricardo Teixeira, então presidente da Confederação Brasileira de Futebol já há 11 anos.
 
Após duas CPIs devastarem o futebol brasileiro, apontarem indícios de irregularidades em quase todas as ações da CBF e do dirigente no futebol, era hora de votar os relatórios, de apresentar denúncias ao Ministério Público, de sair em busca dos culpados por negociatas que derrubaram o futebol brasileiro.
 
Dentro de campo o Brasil ia de mal a pior. Depois da inexplicável perda da Copa de 98, até para Honduras o time perdia jogo. Os meses foram se passando até que, em dezembro de 2002, Ricardo Teixeira sorria de orelha a orelha.
 
O Brasil era campeão mundial pela quinta vez. Ninguém questionava as CPIs, só se falava de festa aos campeões, de Vampeta dando cambalhota na rampa do Planalto, de jogo de despedida para o Zagallo, etc.
 
Em agosto de 2007, Ricardo Teixeira, ainda ele, agora 16 anos no comando do futebol nacional, nem deve se lembrar direito do inferno que viveu no mesmo período seis anos atrás.
 
Hoje, ninguém fala sobre o futebol burocrático da seleção brasileira, ou sobre as convocações mirabolantes de Dunga, lembrando muito a “Era Luxemburgo” no time nacional. Muito menos sobre CPI, gestão temerária da CBF e coisas do gênero.
 
O que todos querem saber é quem serão as 12 cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014 no país. Os mesmos políticos que há seis anos achincalhavam Teixeira, hoje pedem sua ajuda para conseguir votos e levar a seu estado a disputa de uma Copa do Mundo.
 
O poder do voto, subjugado pelo poder da bola, confere a Ricardo Teixeira uma espécie de poder soberano sobre o país. A expectativa de realização de uma Copa no país faz brilhar os olhos de qualquer populista. Como não existe político sem o anseio populista, a perspectiva de, em 2014, o Brasil ser invadido por uma Copa que gera empregos, atrai turistas, chama a atenção da mídia de todo o mundo e coloca o país em evidência, é prato feito para quem quer se eleger.
 
No centro de todo esse emaranhado de dinheiro que é despejado com uma Copa do Mundo está Ricardo Teixeira. Um acordo político costurado durante anos na Fifa assegurou ao Brasil um privilégio que praticamente desde 1950 não se via. Um país ser candidato único à sede de uma Copa. Mas, naquela época, o mesmo Brasil era o único com condições de abrigar um Mundial cinco anos após a Segunda Guerra.
 
Hoje, tudo gira em torno de Ricardo Teixeira. Os políticos pedem sua ajuda, a imprensa bate à porta querendo detalhes da visita de inspetores da Fifa. Ricardo Teixeira está com a bola toda. E o futebol brasileiro com as mesmas caras de sempre.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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