Como controlar as demandas físicas de jogo no treino complexo

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Venho apresentando inúmeras atividades para o desenvolvimento integral de jogadores de futebol, contudo, uma dúvida paira no ar quando falamos em treinos pautados nos jogos: como posso saber se o objetivo físico-técnico-tático-mental da sessão de treino está sendo atingido?

Em uma sessão de treino complexa, os jogadores são submetidos a uma carga de jogo, em que os fractais estão sendo desenvolvidos concomitantemente com o todo complexo.

Nesse tipo de sessão, o controle das variáveis do treino parece ser extremamente complicado e por vezes acaba sendo deixado de lado. Sendo assim, passo a fragmentar e a não ter controle daquilo que está acontecendo no treino.

Não tendo o controle das variáveis, deixo o acaso tomar conta da sessão e o desenvolvimento da performance de jogo de minha equipe fica extremamente prejudicada.

Em um treino pautado na complexidade preciso saber qual a demanda física, técnica, tática e mental de cada atividade.

No planejamento do treino, essas demandas devem ser pensadas e cada uma delas deve ter uma meta de desenvolvimento específico.

Pensemos na questão física: em uma sessão X, o objetivo é o desenvolvimento da resistência anaeróbia lática. Sabendo disso, devo criar atividades com uma relação estímulo pausa adequada.

No caso do desenvolvimento da resistência anaeróbia lática, as atividades devem propiciar ao atleta um ambiente com uma carga de estímulos alta para um tempo reduzido de pausas.

Contudo, essa relação estímulo/pausa deve respeitar a especificidade do jogo: não posso ter um estímulo (entenda “estímulo” como a ação do jogador dentro de um jogo, e não no tempo da atividade em si) de cinco minutos para 30 segundos de pausa, pois isso não respeita a especificidade do jogo e gera uma sobrecarga negativa para o jogador.

Após o planejamento, devo aplicar o treino e verificar se este foi realizado dentro do esperado e é neste ponto que queria chegar: controle do treino.

Uma das ferramentas que mais ganha espaço atualmente é o GPS, que nos traz dados sobre o deslocamento, desde a distância total até a velocidade dos sprints. Com seus dados, posso dar um passo importante para verificar se os objetivos físicos da sessão estão sendo atingidos ou não.

Em uma sessão com o objetivo do desenvolvimento da resistência anaeróbia lática, devo verificar se o atleta realizou atividades de alta intensidade em períodos determinados de tempo e como foi o padrão de deslocamento durante toda a sessão (número de sprints, distância e velocidade de cada um deles, etc.).

A frequência cardíaca também pode auxiliar no controle do treino, quando podemos cruzar as informações do GPS com o gráfico do comportamento da frequência cardíaca dos jogadores.

No pós-treino, podemos avaliar o grau de exigência física através da coleta da percepção subjetiva de esforço dos atletas, comumente chamada de PSE. Essa ferramenta nos mostra quanto o treino foi exigente para cada um dos jogadores através da sua própria percepção.

É preciso, contudo, deixar claro como a avaliação deve ser feita e como cada um deve definir a “nota” dada ao treino. Normalmente, a PSE vai de 1 a 10, em que os valores indicam o nível de esforço dentro da sessão como um todo.

Para uma avaliação mais precisa, podemos utilizar ainda a análise de marcadores bioquímico-fisiológicos dos atletas, como a verificação do lactato na corrente sanguínea, dos leucócitos, das plaquetas, dos níveis de CK, de LDH, de uréia, de glicose, cortisol, etc., mas esse tipo de análise ainda está distante de grande parte dos clubes…

Por isso as informações do GPS, frequência cardíaca e percepção subjetiva do esforço são valiosíssimas para o controle adequado dos treinos.

Com esses dados, posso provar que os treinos estão propiciando um estímulo “físico” adequado aos atletas. Isso é fundamental para dar tranquilidade ao trabalho e provar que os jogos também treinam o físico.

Até a próxima!

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br 

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