Contra ataque e transição não são sinônimos

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Ao longo do tempo tudo na vida se ajusta e adapta, novas ideias aparecem e o que já existe é melhorado, atualizado.
No futebol esses ajustes também acontecem ao florescer de novas ideias, conceitos aparecem contagiando o meio para buscar novos caminhos para a melhora do esporte.
Dificilmente se cria algo novo no futebol, o que já existe é adaptado, analisado e estudado para que se ganhe em dinamismo e velocidade buscando um jogo envolvente e criativo.
Pelo contexto do esporte, que caminha em uma linha tênue entre o tradicional e o contemporâneo, muitas vezes nos deparamos com uma resistência ao novo, ou pior ainda, presenciamos pessoas que não tem a vontade em buscar a informação integral em estudar de verdade, mas criam opiniões com o mínimo que leram, escutaram ou ouviram falar.
O passo seguinte é sair propagando as ideias sem buscar a informação correta e precisa.

Uma mentira contada muitas vezes, se torna verdade em grande escala.

Dentre as grandes falsas informações propagadas nos meios de comunicação e por consequência de forma massificada, é que os contra ataques são transições.

Quantas vezes ouvimos que um time só joga em transição, que tal time defende para poder atuar em transição, que a transição está muito rápida, e assim em diante.

Antes de entrarmos no mérito de transição/contra ataque, vamos discutir as fases do jogo.

Fases do jogo
Já é bem difundido que o jogo é feito em quatro fases:

  1. Organização defensiva
  2. Transição ofensiva
  3. Organização ofensiva
  4. Transição defensiva.

Não temos o objetivo em entrar nos detalhes de cada uma das fases do jogo nesse texto.
Contudo, para fácil entendimento podemos ilustrar da seguinte forma:
A equipe sem bola precisa se organizar para poder recuperar essa bola (organização defensiva), ao recuperar a bola ela busca estratégias para poder se organizar ofensivamente (transição ofensiva), ao se organizar a equipe precisa criar mecanismos para poder chegar ao gol adversário (organização ofensiva) e no momento em que perder a bola os jogadores devem saber como abordar o adversário até se reorganizar defensivamente (transição defensiva).
Esse ciclo não acaba nunca, ele é constante ao longo de todas as disputas da partida.
A união dessas quatro fases de forma equilibrada tende a fazer uma equipe vencedora.
Ao privilegiar uma em detrimento da outra, é o inicio de problemas para a equipe técnica e para os jogadores.
Modelo de jogo
Ao falarmos em modelo de jogo, pensamos que ele representa a ideia do treinador e por muitas vezes da instituição, do histórico da equipe.
O modelo de jogo será o norte de cada momento, de cada fase do jogo. Nele que se definirá como a equipe deverá atuar em cada momento com e sem a bola.
Quando se define bem o modelo de jogo, se modula os treinos, sessão por sessão e introduz, posteriormente se fixa os conceitos da ideia de jogo do treinador na equipe.
Assim como todas as fases do jogo, a transição ofensiva deve ser treinada através da forma que o treinador definiu para seus jogadores. Ela precisa estar enquadrada dentro de todo o contexto da equipe e relacionada de forma sincrônica e equilibrada aos demais momentos do jogo.
Transição ofensiva 
Podemos entender transição ofensiva como o momento em que se recupera a posse de bola, e definimos como se deve atacar o adversário. Também pode ser entendida da seguinte forma:
Transição Ofensiva é (didaticamente) a transição como um momento, um instante, que se inicia antes mesmo da conquista da posse de bola.
Para a Transição Ofensiva devemos treinar a equipe para as seguintes situações:

  • Como a equipe prepara-se para a transição ofensiva?
  • O que a equipe tenta fazer (de forma intencional e coletiva) no exato momento em que recupera a posse da bola?
  • O que a equipe tenta fazer (de forma intencional e coletiva) na sequência se isso não for eficaz?

Imediatamente ao recuperar a posse de bola, em relação à atitude, a equipe tem três ações que devem ser analisadas:
1- manter a bola na zona de recuperação, -não se preocupa em retirar a bola da zona de pressão-, com passes curtos e/ou condução, inicia-se o ataque.
2- retirada imediata vertical da zona de recuperação, -ao recuperar a bola, a equipe executa passes verticais na direção do gol do adversário-, aproveitando possíveis desequilíbrios e iniciando o contra ataque/ataque rápido (contra ataque).
3- retirada imediata horizontal da zona de recuperação, -ao recuperar a posse de bola-, a equipe executa passes horizontais ou para trás para retirar da zona de recuperação. Muito utilizado em ataques posicionais em um jogo equilibrado.
Essas três caraterísticas da transição ofensiva estão relacionadas ao momento do jogo, quanto mais equilibrado entre as três a equipe estiver, mais preparada estará para conseguir êxito no início de suas ações ofensivas.
A equipe deve treinar as três situações, pois dentro do caos do jogo, todas são importantes em algum momento para buscarmos atacar o adversário de acordo com seu desequilíbrio e desorganização ofensiva.
Evidentemente uma será sempre a prioritária de acordo com o modelo de jogo da equipe, definida pelo treinador.
Como visto acima, o contra ataque está dentro do processo de transição ofensiva, mas ele não é nem pode ser entendido como sinônimo, pois essa fase é muito mais ampla e complexa do que se difunde por ai.
Reduzir a transição ofensiva a apenas contra ataque é sintetizar e abrir mão de muitas informações que agregam a essa fase do jogo.
Com esse calendário tão cheio, denso e disputado, definir e entender quais são as fases do jogo e como será colocada cada uma na equipe de acordo com o modelo de jogo do treinador, é essencial para aperfeiçoar o tempo de treino e com ele atingir os objetivos traçados para o time.

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