Direito de resposta 2

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
O tema era despretensioso. Falar sobre o improvável direito de resposta que as fontes têm por lei a possibilidade de exigir dos veículos de imprensa parecia um tema batido e sem grande margem para discussão. Mas eis que o debate começou a ser suscitado pelo e-mail, um atalho para aproximar o jornalista da fonte e, especialmente, do leitor.
 
É inegável que, dada a condição suprema que atingiu hoje a imprensa esportiva no Brasil, é raro vermos alguém ter sucesso ao exigir seu direito de resposta. Claro que tudo isso varia. Às vezes quem reclama não tem total razão em fazê-lo, assim como geralmente quem transmite a informação não está 100% correto. Mas, quando o tema já tinha perdido sua força, a Itália mostra que o “direito de resposta” permeia as discussões não apenas da imprensa brasileira.
 
Manchete no último sábado, dia 10 de fevereiro, de La Gazzetta dello Sport, principal jornal esportivo da Itália: “Del Piero será pai”. A matéria, muito mais condizente com um veículo de fofocas de celebridades, dizia que o meia da Juventus, campeão do mundo pela Itália, seria pai em breve. Falava sobre a vida pessoal do atleta e de sua esposa, sempre com fontes de informação ligada à família de Del Piero.
 
Manchete no domingo, na mesma La Gazzetta dello Sport: “La Gazzetta pede desculpas a Del Piero”. Sim, é isso mesmo! E não é que o repórter do jornal só não fez uma coisa em toda sua matéria extensa sobre a gravidez da mulher do jogador? Perguntar a eles se isso era verdade…
 
O resultado foi uma vexatória página no jornal para dizer o oposto do que disse antes, como cantava Raul Seixas. Não sei qual foi a conseqüência dessa barrigada do repórter italiano. Mas, para o mais tradicional veículo de esportes da Itália, responsável pela maior venda de um jornal na história do país (quando a Azzurra ganhou a Copa, no ano passado) e com mais de cem anos de atuação, a história mal apurada foi uma afronta a seu leitor.
 
Mais do que se preocupar com o certo ou o errado, com quem foi o culpado, a Gazzetta se preocupou com seu produto, que é o leitor. Em nome de sua honra, reconheceu o erro e publicou a correção.
 
A atitude italiana mostra que, em nome da credibilidade jornalística, conceder o direito de resposta pode se revelar uma atitude muito mais correta do que simplesmente brigar com a fonte tentando comprovar que se está com a razão. É lógico que, no caso Del Piero, a razão era plenamente favorável ao atleta. E a “humildade” do jornal em reconhecer o erro foi uma aposta certa em nome do que lhe é mais precioso: a credibilidade.
 

O duro é esperar para ver se a moda pega…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

Autor

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso