Entre o Direito e o esporte

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Eu sei, é sempre difícil conhecer alguém do zero. Sempre dá aquele medo de ter aquela sensação de perda de tempo ou de ser chato até. Ainda mais uma coluna nova, daquele alguém que gosta de esporte só que é formado em direito. E é bem sobre isso que eu vim conversar com vocês hoje!

Bem vindo à minha (nova) coluna aqui na Universidade do Futebol, a “Entre o direito e o esporte”. Hoje, na minha estreia, eu gostaria de fazer um convite para vocês: prazer, vamos conversar sobre direito desportivo hoje?

Eu sei, de cara parece aquele assunto complicado e meio sem sal, mas eu prometo fazer o meu melhor para mostrar o porquê desse tema ser importante para o nosso dia a dia de fã do esporte, e como isso pode ajudar naquela resenha no sábado jogando bola, naquele churrasco com a família ou até mesmo na escola.

E para chegar aí, vou fazer a minha apresentação. Assim, hoje vamos falar do seguinte: um pouco mais sobre a nova coluna, o que eu vejo para ela e o que vocês podem esperar de mim toda semana. Depois, vou falar um pouco sobre mim – afinal, essa coluna é um pouco sobre o que eu penso entre o esporte e o direito, né? E, depois, a gente vai conversar um pouco sobre os temas que vou falar nesses próximos meses. Espero que vocês gostem!

Vamos lá… entre o direito e o esporte? Imagina você jogando bola e indo bater aquele pênalti. Quando você olha para frente dá para ver o gol entre as duas traves. E é bem aí que essa coluna fica, tudo o que acontece quando você chuta essa bola entre o direito e o esporte. Ou seja, aqui você vai ver um pouco sobre como o que a gente gosta é afetado pelas regras e regulamentos do jogo. Olha aí uns exemplos:

Cartão vermelho. Está no meio do jogo do campeonato, seu time precisa ganhar e realmente está ganhando. Você não se aguenta de emoção, seu time está chegando no objetivo da temporada – ainda mais a duras custas, já que sofreu o ano inteiro com lesões, desmanches e falta de dinheiro (coisas que a gente nunca vê no nosso futebol, né?). E me vem o jogador, capitão do time, olha para a torcida e para o juiz e… dá aquela bela “mãozada” no atacante do outro time, na hora do escanteio, de costas. E aí, como fica? Sim, seu jogador foi expulso, seu time ficou com 10 em campo, e todo mundo (menos o outro time) saiu perdendo.

Acredite ou não, amigo, o cartão vermelho é parte do jogo e parte das regras do jogo – do mesmo jeito que a proibição daquela mão boba, mesmo quando precisa de alguma interpretação do juiz. O futebol, assim como qualquer esporte, depende de regras que são parte da partida.

Senão, imagina só ver um jogo do campeonato brasileiro assim: numa mesma rodada um campo é triangular e você tem que fazer um gol de dentro da área (mas só com bola aérea, viu? – alguns técnicos até suspiram aliviados agora) e outro que tem dois andares e você só marca pontos ao lançar a bola de um andar para o outro. Isso é justo? Ok, fora esse exemplo bizarro… pensa agora que numa mesma rodada uma partida tem árbitro de vídeo e outra não. E aí, agora pode? É bem por isso que as regras do jogo precisam existir.

Aquele chá. Sexta-feira, dia de decreto. Você é um jogador de futebol, gringo. Está jogando pela sua seleção, num país vizinho. Lá, como em qualquer lugar, algumas coisas são diferentes. Lá, como em qualquer lugar, certas comidas são típicas. Lá, como em qualquer lugar (ou não), um chá “diferentão” é servido no mesmo recipiente que o seu chá no hotel que a sua delegação está.

Você tomou o chá. Chá de erva-mate. Chá que não tem problema. Mas aquele chá “diferentão” que foi servido antes deixou um restinho bom no bule. Você tomou esse um pouco. Esse um pouco você não pode tomar. Não porque o nutricionista não deixa, mas porque existe uma organização internacional que avisa todo mundo que essa ou aquela substância não pode. E não pode porque pode fazer mal para você, te dar um fôlego extra no jogo, ou ser um perigo para os outros em campo.

Nesse dia, você entrou no jogo. Nesse dia você marcou um gol. Nesse dia você levou o seu time para o maior evento do futebol no mundo. E, isso, representando a sua nação, o seu país, a sua pátria. Você está em êxtase! E em tanto êxtase que resolvem fazer um exame em você para ver se não tem nada de errado.

Esse é o exame de doping (ou antidoping). O exame foi feito e o resultado saiu. Aquele chá lá do hotel, aquele mesmo, fez você ser “pego”. Você foi suspenso. A sua seleção precisava de você para duas últimas batalhas para ter certeza que ia para a Copa. Você não pode e você não vai jogar. Você foi suspenso.

Isso é justo? Isso pode? Tem alguma coisa que pode ser feita? São algumas das perguntas que espero conseguir responder ao longo desses meses. O doping também faz parte das regras do esporte, e seus regulamentos levam a casos bem interessantes. A ver.

Bola fora. É início de ano. O campeonato estadual vai começar em duas semanas. Seu time tem técnico novo. Patrocinador novo. Elenco novo. Talvez até um nome novo. E, mais importante, um dinheiro sobrando em caixa – o que é raro, como sabemos.

O gerente de futebol resolve que vai usar aquela grana extra para trazer um grande nome para o seu time. Esse atleta joga fora do país, vem de um dos grandes centros do futebol mundial. Esse atleta tem contrato de mais de ano com o time dele. Esse atleta tem uma multa estipulada no contrato que o seu time não consegue pagar – mesmo com aquela grana extra.

E aí, como o seu time vai fazer? Dá para trazer esse atleta de fora mesmo assim? O regulamento do futebol também prevê essas situações, e cada país também tem umas regras específicas aqui e ali que só deixam o esporte mais legal (#sqn) para quem acha que o jogo dentro das quatro linhas é só jogado dentro dessas quatro linhas.

Resumindo tudo isso: o direito desportivo é feito pelas regras e regulamentos do esporte, tanto aqueles aqui no Brasil, quanto aqueles de fora. Incluindo até mesmo um regramento aqui e outro ali do Comitê Olímpico Internacional, da FIFA, da CBF, e de muitos outros atores do esporte ao redor do mundo – até mesmo aqueles que a gente não espera, como regulamento da ANVISA sobre aquele sanduíche de pernil que você come na porta do estádio, sabe?

E, assim, o futebol, como qualquer modalidade, está entre o direito e o esporte. Daí quer a gente queira, quer não, temos que “aguentar” o direito desportivo no nosso dia a dia. E o objetivo dessa minha coluna é justamente traduzir esse tal de “juridiquês” num jeito que seja “entendível” por todos nós!

Afinal, direito já é complicado o suficiente sozinho. E se a gente não entende como isso afeta o nosso dia a dia e a nossa paixão, daí sim que complica. Numa dessas a gente tenta se consagrar, e às vezes acaba fazendo uma grande burrada ou chutando a bola para fora.

Agora vocês sabem um pouco mais sobre essa coluna, o que eu vejo para ela e o que vocês podem esperar de mim toda sexta-feira nesse mesmo horário – e no meu caso sem decreto, mal. Mas continua aquela pergunta… afinal, quem raios sou eu?

Bom, sempre é difícil conhecer alguém por completo. O eu do futebol vai mais ou menos por essas linhas. Desde cedo, sempre gostei de esporte no geral (de xadrez a arco-e-flecha) e acabei indo parar no futebol. Joguei em alguns clubes cedo (aquela sensação de já ouvi essa história antes), até que tive que escolher entre tentar virar jogador ou tentar ir para a faculdade. Sinceramente? Eu era ruim demais para virar um jogador meia boca, então resolvi afogar minhas mágoas no estudo.

Acabei indo parar em direito, mais porque queria virar diplomata do que pela profissão em si. Me via viajando o mundo como “o cara do esporte”, falando sobre como o esporte é importante para a cultura brasileira e tudo mais. No primeiro ano desisti disso tudo (boa!). E entrei em crise com a faculdade (boa!). Ai tive que me virar nos trinta para ver o que ia fazer dali pra frente já que sabia onde tinha parado, né.

Tropecei em dois livros e um evento que “mudaram a minha vida” (ou o meu destino na faculdade). Acabei descobrindo o tal do “direito desportivo” que eu achava que existia, mas jurava que era direito do esporte ou coisa assim. Não vou mentir, não era o melhor aluno do mundo. Só que quando eu gostava de alguma coisa, me empenhava ao máximo para tentar entender e ler tudo o que podia.

Foi assim com o esporte. E nas minhas idas e vindas, acabei tendo uma conversa aqui e outra ali que me levaram para mil caminhos diferentes entre a vida acadêmica e a vida profissional que me fizeram eu. Trabalhei em clube no Brasil, em times nos EUA, em faculdade, com direito, com gestão, estudei, ralei e… agora estou aqui.

Continuo no esporte, e ainda acredito que a gente pode fazer melhor. E até acho que consigo ajudar de uma maneira ou outra. E essa minha coluna faz parte dessa minha história, e de como eu espero fazer a minha parte. Ajudando os outros a entender um pouco mais desse mundo que é o direito desportivo.

Falando em mundo, nesse meu primeiro mês vou trazer o que é falado de novo (e não tão novo) nos quatro grandes eventos de direito desportivo dessas próximas duas semanas que acontecem em São Paulo. Mais a seguir.

Espero que agora vocês me conheçam um pouco melhor, e fico à disposição de vocês. Ideias e curiosidades sobre o direito desportivo serão sempre bem vindas, só entrar em contato que eu adoro uma conversa. Fica o meu convite para continuarem aqui comigo toda sexta-feira, e que venha o final de semana.

Aliás, obrigado Universidade do Futebol pelo convite. Convite que virou mais um presente de aniversário – já que a minha estreia aqui foi bem no dia certo!

Até semana que vem, e obrigado!

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