Espaço público, privado ou comunitário

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Lendo trecho do livro do Prof. Dr. Luís Miguel Cunha*, da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa, Portugal, me coloquei a refletir sobre a gestão dos espaços que serão construídos para os megaeventos esportivos no Brasil.

Reflexão que, aliás, não é nova. O que nos falta é profundidade e entendimento da razão a qual se leva a construí-la. Porque implantar uma instalação desportiva deve, neste engodo, ser a pergunta de partida. E não só isso, tratar com seriedade todas as informações que são pertinentes a existência de um novo espaço para a prática de esportes: para quem se destina? Quais as características sociais, econômicas e comportamentais dessas pessoas? Onde deve ser instalada? Para quê ela servirá?

O material do Prof. Cunha consegue analisar diversos pontos intervenientes a isso e não será possível tecer comentários sobre tudo nesta breve coluna. Mas gostaria de destacar a parte em que aborda as tipologias de espaços que implicam nas dinâmicas da gestão após a efetiva construção de uma instalação.

Melhor explicando, podemos considerar: (1) o espaço público – bem de usufruto ou de livre acesso a todos; (2) o espaço privado – onde estão localizados ou dispostos recursos organizados em função dos interesses do proprietário; (3) o espaço comunitário – destina-se a oferecer a possibilidade de dar um rendimento mínimo a comunidades.

Então, como serão definidos esses espaços no pós-Copa 2014, por exemplo? Sabemos que no pré-Copa e durante a competição as mesmas serão praticamente de propriedade da Fifa, uma vez que devem seguir rigorosamente os critérios exigidos pela entidade – que com razão o faz, uma vez que procura proteger o seu principal produto.

Por aqui, o pensamento deveria estar voltado para atender as exigências do caderno de encargos visando, sobretudo, a implantação de uma gestão compartilhada posteriormente.

Como fica a gestão dos estádios após meados de 2014? Se pública for, como as pessoas terão acesso a esse ambiente? Se uma concessão privada do espaço for dada a outrem, tal acordo comercial cobrirá o investimento público inicial? A amortização da dívida estatal será proporcional aos rendimentos aferidos por essa hipotética concessão? Há quem pague? Ou os espaços terão uma finalidade comunitária e, por assim dizer, servirão como importante elemento de desenvolvimento para a localidade que abriga a instalação?

Não sei se ainda temos tempo para responder a esses questionamentos, uma vez que isso tudo faz parte do período de planejamento e deveria estar previsto antes mesmo de se construir qualquer equipamento esportivo. Esse tipo de preocupação, quando colocada pela opinião pública, parece que é tratada como algo sobrenatural. Estamos nós dispostos então a pagar por mais uma conta de algo a ser subutilizado no futuro?

Perguntas, perguntas e mais perguntas que ficam no ar, com pouca ou nenhuma sinalização de resposta convincente para suprirmos de forma equilibrada toda a demanda afim de solucionar o desenvolvimento efetivo do esporte no país.

* CUNHA, Luís Miguel. Os espaços do desporto: uma Gestão para o desenvolvimento humano. Coimbra: Editora Almedina, 2007.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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