Esporte e Política (Internacional) se misturam?

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Recentemente a seleção brasileira de futebol realizou dois amistosos na Arábia Saudita: dia 12 de Outubro, contra a Arábia Saudita, vitória por 2 a 0 na capital, Riad. Dia 16, em Jidá, triunfo sobre a Argentina (!?!?) por 1 a 0. Durante a presença da equipe em solo saudita, um renomado jornalista daquele país, Jamal Khashoggi, que trabalha para o jornal norte-americano “The Washington Post”, desaparece. Fora visto pela última vez no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia. Ademais, vem à tona os paradoxos e incoerências das políticas interna e externa do país saudita, que afetam direta e indiretamente todo o povo árabe espalhado pelo mundo, ou seja, atinge o Brasil também.

Desde já, temas delicados. Existem os que defendem que o esporte não se mistura com a política, que esporte não é política, e que o futebol é isento destas iniciativas. Nunca foi, não é e não será. Sem exageros, não há dúvidas de que hoje, depois destes jogos, a Arábia Saudita seja percebida por muitos como um país que existe no planeta. Por outros, como um ator importante da geopolítica internacional. Vários tantos podem considerar o futebol local saudita como importante na modalidade, por haver disputado uma partida contra os brasileiros e, ademais, Brasil e Argentina terem disputado um jogo de seleções entre si em pleno território do país. Estes eventos oficializam gestos, ações e, diante disso, dão margem a inúmeras interpretações por parte da opinião pública.

De que o Brasil é conivente com as polêmicas que envolvem a Arábia Saudita. Sim. Claro que não é isso, mas permite esta interpretação. Por mais que uma seleção esportiva nacional não represente a linha política de seu país, o esporte e, neste caso, o futebol, por si só é um fato social total. Por ele se entende uma sociedade: a economia, a estrutura e sua organização política. É, portanto, o reconhecimento informal da sua similar (a seleção adversária) e, dentro de um ‘pacote’, o reconhecimento de todos os valores, princípios e orientações que o outro país compartilha. A França por pouco deixou de participar do Mundial FIFA de 1978 em função da ausência de Direitos Humanos na Argentina, país-sede do torneio. Johan Cruijff não viajou com a seleção holandesa para aquela Copa, sob a mesma alegação.

Neymar cumprimenta membros do governo saudita (foto: Lucas Figueiredo/CBF)

 

Com tudo isso, não é de se estranhar – e de se esquivar de – pergunta feita por um jornalista ao futebolista Neymar, antes do jogo contra a Argentina, sobre o desaparecimento do jornalista saudita. Pode não haver relação com o jogo. Entretanto, tem com tudo aquilo com que o jogo se relaciona. Por conta disso, esporte e política internacional sim, se relacionam. É preciso cuidado nestes temas, porque a organização esportiva pode arrastar questões consigo que sequer sabia que existiam! Querer dissociar esporte da política internacional é negar, por exemplo, a importância da seleção brasileira de futebol para o reconhecimento internacional do Brasil.

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