Eu queria tanto! Mas eu posso?

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Saudações a todos!

O tema de hoje é comportamento pessoal e a sua influência no sucesso profissional e na qualidade de vida das pessoas.

Pensei nisso no momento em que assisti, ao vivo, ao incidente com o treinador do Vasco da Gama, Ricardo Gomes, que sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) no dia 28 de agosto, durante uma partida contra o Flamengo. Minha ideia inicial era falar sobre esse tema naquela semana, mas como houve um sensacionalismo sobre o ocorrido, esperei a poeira baixar para tocar no assunto.

Na aula que ministrei na FPF (Federação Paulista de Futebol), para a primeira turma do Curso Master em Técnica de Campo, falei rapidamente sobre comportamento e sua influência no cotidiano. Naquela oportunidade, afirmei que pessoas que exercem atividades de acordo com o seu perfil, de acordo com o seu comportamento, e, portanto, conscientes de sua aptidão, têm mais chances de obter sucesso e alcançar seus objetivos de forma mais tranquila, em relação àquelas que não têm o perfil necessário para a atividade que exercem.

E veja, não estou falando de descuido ou falta de trabalho, ao contrário, mesmo tendo o perfil certo para determinada função que ocupa, só com muito trabalho se chega ao sucesso. A notícia ruim é que se você não tem o perfil necessário para a atividade que exerce, mesmo trabalhando muito, dificilmente alcançará o sucesso pleno, ou se alcançar, o corpo mostrará os reflexos do esforço fora do comum.

Sugiro uma reflexão: identifiquem pessoas que trabalham com você, ou em outras organizações, e que ocupem a mesma função. Para ocuparem posições semelhantes, essas pessoas devem ter uma formação escolar e experiência profissional muito próxima, em alguns casos até idênticas às suas.

Agora um exercício de memória: lembre-se de fatos recentes em que essas pessoas estiveram envolvidas, fatos comuns, com as mesmas condições – procure um fato no qual houve uma pressão. Lembrou? Agora pense nas reações e nas ações que cada um tomou. Foram diferentes, certo? Em alguns casos até extremamente diferentes, e é possível que um tenha agido naturalmente e resolveu rapidamente a questão, acalmou os ânimos e seguiu seu dia a dia tranquilamente. Já o outro deve ter ficado estressado, deixou todos ao seu redor nervosos, demorou e sofreu mais para resolver o mesmo problema.

Para elucidar a questão, podemos pegar o exemplo do Ricardo Gomes. Ele foi um jogador excepcional, capitão da seleção brasileira, viveu na Europa, adquiriu outras experiências, inclusive acadêmicas, é um homem que o grupo respeita, querido por todos, conhecedor de técnica e tática. Experiência e conhecimento não faltam a ele.

Mas se você compará-lo com o Luxemburgo, o Muricy e o Felipão, que têm trajetórias parecidas – não estou falando em qualidade técnica – com uma bagagem contendo grandes clubes nacionais, vivência no exterior, seleção brasileira, etc., identificará imediatamente que mesmo tendo a mesma formação e experiência, eles lidam com situações, como a pressão do torcedor na beira do campo, de maneira muito mais tranquila e “controlada” que o Ricardo Gomes.

Eles gritam, falam mal, pulam, mas fazem todo esse “carnaval” de maneira natural, já o Ricardo Gomes fica mais quieto, parece que está sofrendo, somatizando o sentimento, o que pode ser prejudicial e causar males ao corpo, como uma dor no estômago, uma úlcera, um câncer, entre outros.

E isso acontece porque o perfil comportamental exigido para um treinador de futebol requer lidar com essa pressão o tempo todo. Com certeza, Luxemburgo, Muricy e Felipão têm isso: habilidade para lidar com pressão, no seu DNA; já o Ricardo não tem e faz muita força para conseguir o que os outros conseguem naturalmente.
 

Cézar Tegon também compõe o corpo docente da segunda turma do Curso Master em Técnica de Campo, uma parceria da Universidade do Futebol com a FPF. Confira!
 

Então isso quer dizer que ele não pode trabalhar com o futebol? Claro que ele pode! Mas se pudesse dar um conselho a ele, eu diria para viver melhor, procurar uma função que não exija essa pressão extrema, algo em que possa utilizar todo o seu conhecimento, todas as suas habilidades, mas sem sofrer e se agredir. Desta forma ele será mais feliz, e o corpo e a mente agradecerão.

Ouvi o Zico falando certa vez, dentro desse mesmo contexto, sugerindo que, na volta, o Ricardo Gomes trabalhe na identificação de novos talentos, pois é conhecedor de futebol, honesto, bem relacionado e com certeza agregaria muito ao clube que o contratasse para exercer essa função. Acho que o Zico está certíssimo, é exatamente o que penso.

Agora você deve estar sorrindo e perguntando: “Puxa, isso faz muito sentido, não havia notado isso de maneira tão clara”. E pergunte: “Mas como identifico qual o meu perfil comportamental, como sei se estou na função adequada ao meu perfil ou em qual função eu terei melhor desempenho e serei mais feliz?”.

Era justamente esse o sentimento que eu queria provocar em você. Era essa a reflexão que eu gostaria que você fizesse. Pois ao encontrar as respostas para as questões acima, as chances de ser feliz no que faz e de ter sucesso profissional serão multiplicadas.

Onde você pode identificar seu perfil? Atualmente, existem vários instrumentos no mercado que identificam o perfil comportamental de uma pessoa e mostram as funções onde ela teria mais sucesso.

A própria Universidade do Futebol, por meio de uma parceria, tem uma ferramenta [http://bit.ly/oiFq9l] na qual é possível fazer o teste de perfil. Com este recurso, em minutos, você recebe uma síntese com as informações básicas sobre seu perfil. Mas, mesmo sem um teste técnico, é possível chegar próximo das respostas e descobrir se hoje você está fazendo algo que esteja de acordo com seu perfil.

Uma das respostas foi dada pelo próprio Zico. Com certeza ele não aplicou técnica ou usou um sistema para identificar que o Ricardo Gomes, por seu modo de agir, pelo seu comportamento, deveria exercer uma função diferente. Ele chegou a esta conclusão a partir de sua experiência de vida, de observação aguçada, da avaliação dos fatos e do contexto.

Mesmo sem aplicação de uma técnica adequada, conheci uma pessoa especial, um senhor de 82 anos, que por meio da sua experiência de vida, avaliação dos fatos e observação cuidadosa, me disse a respeito deste mesmo assunto: “Eu entendi tudo perfeitamente, não uso nem 1/3 da sua técnica ‘científica’, mas faço perguntas para descobrir se a pessoa atua dentro do seu perfil, e a pergunta é: ‘na maioria das vezes, depois de um dia de trabalho, você chega em casa descansado mentalmente (não estou falando de cansaço físico, necessário na prática de esportes), feliz e com vontade de voltar com todo gás no dia seguinte?’. Se a resposta for sim, bingo, você faz o que gosta e tem o melhor desempenho possível; já se a resposta for não, fique alerta e procure alternativas, pois você não está dando o melhor de si, além disso, em breve seu corpo poderá reagir”.

É isso, pessoal! Reflitam e corram atrás do melhor desempenho e sejam felizes!

Agora, intervalo, vamos aos vestiários e nos vemos na próxima semana.

Abraços a todos!

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br

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