Fim das concentrações: Sócrates e Guardiola x Muricy e o futebol brasileiro

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Olá, amigos!

Aproveito o tema em pauta nesta semana para repercutir os comentários do treinador do Santos, Muricy Ramalho, sobre a presença das mulheres no Barcelona na concentração dos atletas.

“É bonito com os outros. Se ganha, beleza. Foi legal. Mas, se perde, nos arrebentam”, disparou.

Neste ponto, gostaria de fazer uma crítica não à figura do Muricy, mas pegando o seu comentário e trazendo para o futebol brasileiro. E nesse sentido temos que considerar técnicos, dirigentes, torcedores, atletas e imprensa, como parte da culpa de que isso não seja feito em terras tupiniquins.

Culturalmente é diferente, diriam os maiores críticos à liberação da concentração.

Parece contraditório em tão pouco tempo assistirmos e ouvirmos declarações de divergentes profissionais do meio idolatrando e reverenciando a figura de Sócrates, eterno ídolo e figura emblemática da luta pelo fim das concentrações, e agora o sintomático comentário do treinador santista sobre a cobrança diante da derrota caso isso ocorra.

O Barcelona adota tal medida em muitas ocasiões e nas últimas três temporadas ganhou quase tudo. Alguém se lembrou de cobrar a concentração quando o Barça perdeu, por exemplo, na semifinal da Liga dos Campeões da Europa para a Inter de Milão?

Ah , sim, isso é cultural.

Nos EUA, figura da competitividade, os jogadores de futebol americano ou basquete em boa parte não concentram, chegam algumas horas antes do jogo no vestiário e pronto.

Ah, mas aqui não funciona. Isso é cultural.

Daí pergunto, o que que é cultural?

O atleta precisa compartilhar um ou dois dias com todos os companheiros para se concentrar, se isolar da vida social e familiar por isso?

Ah, mas culturalmente se não fizer isso o cara vai para a farra e desanda.

Aí, sim, concordo que seja um problema cultural. Mas não o da concentração em si, e sim dos profissionais que cercam o esporte e não têm competência, hombridade, coerência e pulso firme para se fazer cumprir contratos.

O jogador deve ser cobrado pelo seu rendimento em campo. Se rendeu, ótimo, se não rendeu, apura-se, cobra-se, puna-se. Mas aí que está o problema: a impunidade no Brasil é algo cultural.

Cansamos de ver dirigente passar a mão na cabeça do atleta; cansamos de ver dirigente dando inúmeras chances de redenção. Será que se perde mais ou menos dinheiro por dispensar um jogador que não consegue ter auto-controle do que ficar tentando torná-lo uma pessoa melhor?

No mundo empresarial, no qual o futebol moderno tanto se espelha, não vimos um funcionário se concentrar para tomar uma decisão importante. E se ele cai na noite e não apresenta resultados, não precisamos ir muito longe para saber o que acontece.

Na empresa, as pessoas almoçam com quem têm afinidade. Por que o atleta tem de dormir e conviver com todos independentemente da afinidade ou não?

É cultural, sim, mas que não deixemos passar a memória do Doutor Sócrates e sua luta. A concentração pode ser aplicada no Brasil, mas aí não pode ser desculpa para vitória ou derrota. Para isso é necessário ter parâmetros e instrumentos para avaliar o desempenho do atleta. É preciso ter coerência, pulso firme, comprometimento, cobrança..

Mas isso é cultural…

Sendo assim não fazemos nada para mudar?

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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