Finalizações e cobranças de pênaltis desperdiçadas: o futebol dos erros

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Hoje gostaria de escrever um pouco sobre a "cobrança de pênalti" no futebol – na verdade, deixar no ar e no tempo algumas questões para reflexão.

Ainda que não se trate de um assunto realmente e/ou aparentemente novo, talvez possa arejar algumas discussões, que ainda, vez ou outra, teimam em reaparecer.

E mesmo que digam que os apontamentos e argumentos, no texto que segue, pareçam distantes de uma teia sistêmica de ideias, garanto que, no aparente desprendimento e desconexão com a complexidade, ela (a complexidade) está totalmente presente em todos os detalhes da explanação que vem frente.

Então vejamos. Em um rápido levantamento – não científico – de dados pela internet é fácil constatar que em jogos de futebol em diversos continentes, países, divisões e categorias, muitas cobranças de pênaltis são desperdiçadas. Claro, é óbvio que mais vezes as cobranças resultam em gols, do que em "não gols".

Mas, dada a situação, aparentemente bastante controlada e blindada à imprevisibilidade, dada a distância entre a bola e o gol, ao fato de que ela está parada, de que entre ela e a meta só há o goleiro, e de que inúmeros estudos (especialmente da Biomecânica do Movimento) mostram com precisão e exatidão onde, como e com qual velocidade a bola deve ser chutada no gol para que o goleiro jamais possa defendê-la, posso sim me arriscar a dizer, que se a cada dez pênaltis cobrados, dois forem perdidos, sim, é "muito desperdício".

Mesmo no altíssimo nível competitivo, no qual jogadores de excelência praticam o futebol, os erros não deixam de estar presentes.

Para não precisarmos buscar referências muito distantes, recentemente Lionel Messi em jogo de sua equipe (o FC Barcelona) contra o Atlético de Madrid, valendo troféu, desperdiçou uma cobrança que poderia ter dado a vitória ao seu time (chutou para fora).

Mas se há um "padrão de cobrança" a ser seguido, que é goleiro-independente, e que garante implacavelmente o gol, por que será que os jogadores não conseguem garantir aproveitamento de 100% em suas cobranças de pênalti?

Mesmo os exímios cobradores, conhecidos na história pela precisão, tiveram em algum momento penalidades desperdiçadas. Por que?

Será que é tão difícil treinar cobranças perfeitas de pênaltis? Se olharmos para toda situação, desenhada da maneira que fiz, e considerarmos o ser humano um robô, seria fácil responder a pergunta acima.

O fato, óbvio, é que mesmo em uma circunstância aparentemente de ambiente tão controlado como no caso de uma cobrança de pênalti, toda complexidade que envolve a ação do jogador para execução do chute, não pode integralmente ser reproduzida na sua totalidade.

O jogador, antes de jogador, é o ser humano que joga (Manuel Sérgio). Isso quer dizer que o decidir-agir, expresso na ação propriamente dita é uma composição harmônica de uma série de variáveis e articulações sistêmicas, que interferem e sofrem interferência constante e permanente do ambiente. Não são músculos mecanicamente que se contraem e ponto!

Parece óbvio? Talvez, justamente porque se trata de uma situação-problema do jogo em que bola e gol nunca em outra circunstância, parecem se atrair tão fortemente. E, mesmo nela, o virtual estereótipo de um movimento perfeito não dá conta de resolver o desafio de fazer a bola entrar no gol.

O que poderíamos dizer então, de outras situações-problema, "mais difíceis", como por exemplo, as que envolvem a finalização da bola a gol nos jogos, mas, em que ela (a bola) está em movimento, onde há pressão do tempo e do adversário, e em que o hiato entre o decidir e o agir parece não existir?

Será que uma abordagem realmente "não complexa" dá ou daria conta de resolver tais "situações-problema"?

Pois é, meus amigos, infelizmente com todo o movimento de transformação que o futebol vem sofrendo ainda emperramos nisso. E vejam, não estou discutindo métodos, modelos de treino… Não estou discutindo minijogos, exercícios analíticos e/ou não analíticos…

O que estou discutindo e chamando a atenção é para a abordagem dentro dos métodos, ou da maneira que o futebol é percebido. Enxergamos aquilo que os nossos olhos querem perceber!

Então, que vivam os pênaltis desperdiçados!!!

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