Footecon e inovação no futebol…será?

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Na semana passada tivemos no Rio de Janeiro a realização do V Footecon, um fórum organizado sob a tutela de Carlos Alberto Parreira para se discutir e trocar experiências acerca do futebol. Junto ao fórum, uma feira de empresas ligadas ao setor.

Nas palavras de Parreira, vemos sempre a questão da falta de encontros deste porte no Brasil, que reúna treinadores e outros profissionais para desenvolver a troca de informações e conseqüentemente compartilhar os avanços no futebol brasileiro, eventos que são tão comuns lá fora.

Sem sombra de dúvidas, a iniciativa que teve a sua quinta edição no corrente ano é de grande importância para o futebol brasileiro, mas permito fazer algumas considerações a respeito, após a minha terceira participação consecutiva.

Qual o verdadeiro significado de um evento deste porte?

Palestrantes internacionais sempre são trazidos e contribuem de forma magistral. Assim foi com Arrigo Sachi, Jurgen Klisman e e Lars Lagerbäck. Alguns brasileiros também se destacam como o próprio Parreira, Renê Simões e Tite. Na parte mais específica do treinamento físico temos Antonio Carlos Gomes, Sergio Gregório entre outros.

Com certeza, é de grande valia para os profissionais que estão no meio, tanto para quem está iniciando a carreira como para quem já está no campo há bastante tempo.

Mas dois pontos me incomodaram muito nesses três anos:

1. Algumas palestras (ou pseudo-palestras) de treinadores consagrados e outros que se consideram como tal;

2. A postura desses profissionais perante o evento. 

Referente às palestras, confesso que, na condição de ouvinte, me senti muitas vezes decepcionado com o que o palestrante tinha a expor. Duvido que alguém que tenha tamanho envolvimento não tenha nada a acrescentar.

Palestrantes utilizando em suas análises fontes de jornal (sim, são importantes, mas não são as mais especializadas, convenhamos), justificando que não encontram informações estatísticas e de qualquer outro tipo de análises especializadas. Ora, o amigo sabe que faço parte de uma empresa que trabalha especificamente com isso, não obstante, temos pelo menos mais duas empresas, sem considerar os profissionais autônomos que trabalham com isso no Brasil. E o pior, muitas vezes, o palestrante já se utilizou desses serviços…

Outros caminhavam para a importância de interdisciplinaridade no comando da equipe, outros sobre planejamento, e por aí vai. Muita coisa interessante, mas até que ponto novo? Afinal, não é de hoje que vejo estudos ressaltando a importância do planejamento, da interdisciplinaridade, etc, etc, etc.

Talvez, a proposta do evento (o qual apoio e acredito ser extremamente necessário para o futebol brasileiro) de fazer, por meio da troca de experiências e intercâmbio de idéias, evoluir alguns conceitos só sejam perceptíveis daqui a alguns anos.

Mas, o fato é que passados três anos, pouca coisa mudou de uma palestra para outra. Parece que muitas vezes o fórum internacional de futebol se transforma num palco de contadores de história, o que é fantástico. Ouvir histórias de futebol é vibrante e apaixonante, mas em termos daquilo que o Parreira tenha se inspirado lá fora, de um fórum de conhecimento e debate, não esteja acontecendo.

Sobre o outro ponto não vemos de fato um compartilhar de informações. Na verdade, me refiro a quem de fato esta na linha de frente do futebol. Para os iniciantes, com certeza alguma coisa fica e agrega aos seus conhecimentos, ainda que tenha ouvido de muitos colegas que não escutaram nada demais além do que vêm fazendo por ai.

Mas, de maneira geral foi perceptível uma certa prepotência de alguns profissionais, ao não sentarem no auditório para prestigiar a palestra de um companheiro. Quando isso ocorre me recuso a dizer que há um compartilhamento, porque isso significaria que um ouviria o outro, e desta forma estabelece-se a forma mais simples do ensino: ambos aprendem e aperfeiçoam suas idéias. Mas, a postura que fica é de que alguns não consideram necessário aprender mais, ou que já estão num patamar que basta chegar, dar uma palestra, algumas entrevistas e tchau. Onde fica a troca de experiências? Quem estava na platéia com certeza absorveu muita coisa, mas por enquanto não são eles que estão na linha de frente.

Tal postura refletiu-se também perante a feira agregada ao fórum. Tá certo que algumas empresas não detinham interesse algum para os técnicos, tinham outro target (público-alvo). Mas havia pelo menos três empresas com produtos e serviços destinados a atuação específica no campo de jogo. Mas sabemos que às vezes o fator convergente não está em questões lógicas.

Bom, continuo achando necessário a atualização tecnológica por parte dos técnicos, assim como há a necessidade de se integrar uma gestão de conhecimento no comando das equipes. Mas fica sempre a pergunta: será que quem está na linha de frente do futebol, hoje, quer fazer isso ou ao menos enxerga algum sentido nisso?

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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