Futebol de bom humor

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Perdemos, em uma semana, dois grandes gênios, cada um a sua maneira.

Chico Anysio e Millôr Fernandes.

Porém, ambos tinham algo em comum, muito valioso para que a vida seja leve, e que nos brindavam sem nos exigir nada em troca: o bom humor.

Chico, em seus mais de 200 personagens, criava ou reproduzia nestes papéis, interpretados por si mesmo, figuras populares, em que facilmente o povo se reconhecia nos enredos dos quadros de seus programas.

Millôr era genial no uso da linguagem – mais ampla que a língua – pois era cartunista, escritor, jornalista, tradutor, dramaturgo, calígrafo – para tratar com ironia, sabedoria, acidez, inventividade, o cotidiano e suas situações que, nas suas palavras e no seu traço, ficavam banhadas em bom humor.

Frequentou e ajudou a construir veículos de comunicação como “O Pasquim”. Ajudou a criar e difundir o Frescobol, único esporte que, segundo ele, possuía espírito esportivo:

“O Frescobol foi um esporte que cheguei a jogar bastante bem. Esporte maravilhoso, praticado à beira mar – os participantes quase nus – de tempo em tempo interrompido por um mergulho refrescante, o Frescobol é elegante e dinâmico o tempo todo, beneficiando-se ainda da sorte inaudita de nunca nenhum idiota ter tido a ideia de lhe traçar normas, aferir pontos – permanece até hoje uma atividade pura. Há competição, mas não formalizada, pontificada. Não há vencidos nem vencedores. Portanto sem possibilidade de violência”.

Era torcedor do Fluminense.

E, como grande frasista que ficou notadamente reconhecido, eis algumas sobre futebol:

“E no oitavo dia Deus fez o Milagre Brasileiro: um país todo de jogadores e técnicos de futebol.”

“O futebol é o ópio do povo e o narcotráfico da mídia.”

“Futebol não tem lógica. Mas, se a gente tivesse Garrincha, Pelé, Paulo César, Nilton Santos, Domingos da Guia e Rivellino de um lado só, a zebra ia ter que rebolar.”

“Há os que são Flamengo doente. Eu sou Fluminense saudável.”

“Mal comparando, Platão era o Pelé da filosofia.”

“Em 1978, lembram?, o Brasil, já na técnica da retranca, perdeu a Copa invicto. Empatou todas. Inventamos uma coisa extraordinária: a Invictória.”

“Ninguém joga futebol tão bem quanto o brasileiro. Isso porque o futebol e o Brasil são iguaizinhos; não têm lógica.”

Chico foi humorista, ator, dublador, escritor, pintor. E também comentarista esportivo, na Rádio Guanabara, com 17 anos e, na Copa de 1990, com 58 anos.

Chegou a torcer para o América-RJ, mas acabou convertido ao Vasco posteriormente.

O personagem Coalhada, genialmente criado e interpretado por Chico, encerra muito do estereótipo do “boleiro” no Brasil. Otávio Arlindo Antunes do Nascimento é um jogador estrábico, que exibiu seu futebol em vários clubes do país, contando com o trabalho do empresário Bigode. É um perna-de-pau, apesar de se achar o craque, e vive se defendendo das críticas.
 


 

“E depois eles dizem que o Coalhada é isso, que o Coalhada é aquilo…”.

Creio que esses dois gênios vão seguir dividindo uma mesa de boteco, na frente de uma TV, pra acompanhar o futebol brasileiro.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br
 

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