Gestão do espaço: por que 1-4-2-3-1?

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Nas partidas de futebol, o confronto emergente das propostas de jogo das equipes que se enfrentam põe em disputa, primariamente, os espaços do campo e as vantagens nas ações dos jogadores dentro deles.

Bola e gol (meta) de ataque devem se aproximar. Bola e gol de defesa devem se distanciar.

Em um jogo de futebol, as equipes funcionam, coletivamente, como um organismo vivo, atento e operante na gestão dos espaços do campo, e em todo movimento produzido dentro dele – tentando controlar as relações entre a bola, a sua meta e a meta adversária.

Muitas vezes nas partidas, dificuldades na gestão dos espaços podem ser resolvidas a partir de intervenções que correspondem as ações realizadas dentro dele. Outras vezes somente a mudança da geometria desenhada pela equipe é que traz soluções efetivas.

Ainda que muitos especialistas digam que esquemas táticos são apenas a representação numérica de algo que nunca está em jogo, foi ele (o esquema tático) o primeiro grande e duradouro paradigma da gestão do espaço para utilização das equipes nas partidas de futebol.

Ao longo da história foi se “modernizando”, ganhando novos enlaces e dinâmicas – sazonalmente alguns viraram moda, outros ficaram na nuvem esquecimento.

No Brasil atualmente, o 1-4-2-3-1 e suas variações têm ganhado certo espaço – o que já mereceu um ótimo texto e debate do amigo Leandro Zago na revista Futbol Tactico (e com link aberto em seu blog).

Sem me aprofundar hoje na questão, entendo as mudanças na disposição dos jogadores nas linhas de jogo (goleiro – linha de defesa – linha de meio-campo – linha de ataque) ao longo da história, como soluções emergentes de problemas comuns enfrentados pelas equipes sistematicamente em seus jogos.

Muitas e muitas vezes, foi na mudança da ideia geral de uma geometria concebida a partir de um esquema tático, que dificuldades de gestão do espaço foram sanadas – e ainda, que problemas novos surgissem aos adversários.

É muito mais comum que as decisões de treinadores se voltem a resolver desvantagens ou para levar vantagens em um jogo, à geometria, do que às regras de ação inseridas nela.

O 1-4-2-3-1, suas variações e distorções surgem daí – porque esse esquema tático foi dando conta de resolver hoje (faz alguns anos) a maior parte das “circunstancialidades desequilibrantes” a que uma equipe pode ser submetida sob o ponto de vista da estruturação do espaço (sem que necessariamente ela se dê conta disso!).

Com pouca sofisticação organizacional, ele tem permitido a treinadores e equipes a produzir mais, com aparentemente menos – e com muita sofisticação – resultados muito interessantes.

Não, não penso que o 1-4-2-3-1 seja aquilo que se possa produzir de melhor em termos de ideias para a ocupação organizada do espaço – vislumbro outra coisa/ideia/conceito (e aqui não estou nem entrando no debate sobre as características dos jogadores para maximizar as potencialidades que o 1-4-2-3-1 pode apresentar).

Mas, sim, ele pode trazer vantagens; porém, mais pelo tipo de problema que hoje as equipes vivenciam e propõem nos jogos, do que por todas as possibilidades que esse esquema tático propicia.

Pensemos nisso.

Se coletivamente o jogo de futebol é um jogo de gestão de espaços, ações, bola e metas, individualmente, toda a ação de todo jogador, a qualquer instante, influencia e recebe influência da massa coletiva dos jogadores da própria equipe e da equipe adversária. O esquema tático é um paradigma voltado para que essas influências tragam o máximo de vantagens e benefícios.

Se ao longo da evolução do jogar futebol eles surgiram como soluções, é melhor pensarmos rápido quais são os novos problemas que queremos propor, porque senão ficaremos sempre à mercê de uma solução padronizada e pouco discutida.

Por hoje é isso…

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