Inconstância não é regra

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Inconstância não é regra, não serve como parâmetro e não deve ser modelo a ser seguido. Primeiro, que o próprio nome já diz tudo, sendo sinônimo de instabilidade, variação, diversidade e por aí vai.

Contudo, a opinião pública, de um modo geral, ignora completamente esta prerrogativa. Trata resultados extraordinários como ordinários, tanto quando algum clube sobe ou desce de divisão ou mesmo faz uma campanha pontual com algum destaque.

Os casos mais recentes, de Ponte Preta, Guarani e Portuguesa, são os que mais saltam os olhos. Até dezembro, a Lusa (ou “Barcelusa”) era exemplo de gestão, por conta da campanha feita na Série B, que a trouxe novamente para a Série A. Hoje, pouco mais de quatro meses depois, críticas duras são feitas ao clube pelo rebaixamento no Campeonato Paulista.

Os tradicionais clubes de Campinas seguem uma máxima muito semelhante. Ponte Preta e Guarani vivem momentos de fama após alguns anos no ostracismo. O Bugre, mesmo, esteve mais próximo das páginas policiais ao invés dos cadernos esportivos – isto há pouco tempo.

Enfim, ficamos nos exemplos paulistas apenas para não ultrapassar o espaço desta coluna, mas a narrativa e os casos neste nível são vastos. Serve para reforçar que o conceito de gestão profissional é complexo, ao contrário do que muita gente pensa, e está longe de ser sinônimo de semifinal de campeonato ou resultado pontual em competições em um espaço curto de tempo.

Gestão profissional é fruto de um processo linear e constante. Tende a seguir um padrão ao longo do tempo. É, de fato, uma forma contínua de conhecimento interno e externo visando ao desenvolvimento organizacional no longo prazo.

Assim, como ninguém (ou poucos clubes) adota um modelo de gestão profissional, sendo que até mesmo os grandes clubes possuem dificuldade de a implantar de maneira perene, é possível, sim, imaginar que juntando alguns bons jogadores com um treinador que “grita bem alto” na beira do campo pode-se acabar conquistando resultados pontuais de expressão.

Mas não se espantem se os mesmos jogadores, com o mesmo treinador, forem rebaixados no ano seguinte. Aquele velho ditado serve muito bem: “em terra de cegos, quem tem olho é rei”.

O fato é que inúmeros fatores conduzem a um resultado extraordinário e o mesmo não está intrinsecamente ligado aos 11 (ou 30) jogadores e sua respectiva comissão técnica. Todas as vezes que temos o componente humano como o ponto central para que isto ocorra, a instabilidade está presente permanentemente. A forma de controlá-la (ou minimizar os sobressaltos) em um ambiente instável como o futebol é a partir de um longo processo de gestão, que abrace desde a parte técnica até a área administrativa e de negócios do clube.

Desta maneira, encerramos para dizer que pode ser verdade que os resultados extraordinários de hoje dos exemplos citados podem ser um indicador de início de um trabalho sério de profissionalização. Mas esta resposta só conseguiremos dar daqui a pelo menos 10 anos, que é um período razoável para a inserção de uma cultura de administração profissional. Aos colegas do Estado de São Paulo, será que conseguimos perceber este indício aí nos clubes citados como exemplo?

E que tratemos a inconstância tal e qual ela é: INCONSTANTE.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

 

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