Isso é hora para crise?

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O Brasil vai receber a Copa do Mundo de futebol e os Jogos Olímpicos, dois dos principais eventos esportivos do planeta. Ainda assim, o esporte brasileiro está em crise. Entender isso é fundamental para qualquer profissional que trabalha com comunicação.

Candidato único ao posto de sede da Copa do Mundo de futebol de 2014, o Brasil foi aclamado em 2007. A definição do Rio de Janeiro como palco dos Jogos Olímpicos aconteceu dois anos depois, em outubro de 2009. O esporte brasileiro está prestes a entrar no período mais importante de sua história. No entanto, pululam exemplos, em diferentes modalidades e em diferentes formatos, para mostrar que não há bonança alguma. Entender e discutir os porquês disso são processos fundamentais para todo profissional de comunicação.

No futebol, por exemplo: as obras para a Copa do Mundo estão atrasadíssimas, mas esse é apenas um dos aspectos negativos. A preparação do Brasil para receber o evento também tem sido marcada por enormes percalços na comunicação.

Isso começa com as secretarias locais que administram os projetos da Copa do Mundo. Um exemplo disso aconteceu na última semana, em Cuiabá, onde a regional da Ordem dos Advogados do Brasil precisou acionar a Justiça para ter acesso a dados sobre o cronograma das obras na cidade.

Nas obras relacionadas à estrutura esportiva, como os estádios, ainda há uma cobrança. E as iniciativas nas cidades? E o tal legado da Copa do Mundo? O que efetivamente estará pronto para o evento e o que será feito depois? Há estimativas consistentes e estimativas pouco consistentes sobre o que ficará no Brasil depois, mas não há nenhum plano abrangente com prazos e objetivos.

O planejamento do Brasil para a Copa do Mundo de 2014 falha ao não criar um plano abrangente e unificado de comunicação. E erra ainda mais ao não transmitir correta e detalhadamente as informações para o público. Transparência é item imprescindível em um evento dessa proporção.

O Brasil da Copa do Mundo, contudo, não é o único que está em crise. Basta ver os Estaduais inchados, desinteressantes, com jogos como Legião x Atlético Ceilandense, válido pelo Campeonato Brasiliense, que teve apenas nove pagantes. Não há nada que justifique um jogo com nove pagantes.

Melhor: um jogo com nove pagantes tem muitas justificativas implícitas. A começar por uma demonstração clara da falta de cultura de promoção que impera no esporte brasileiro. Quantas pessoas em Brasília e nas regiões próximas efetivamente sabiam quando seria o jogo e foram incitadas a comprar um ingresso?

No Brasil, falar em promoção costuma ser quase um sinônimo de falar em publicidade. Só nos últimos dias, houve protestos na equipe brasileira de taekwondo e em times como natação, vôlei e ginástica artística de São Caetano.

Maurren Maggi, campeã olímpica do salto em distância em Pequim-2008, criou um site para angariar fundos para pagar treinos e competições. Outros atletas, como o mesatenista Gustavo Tsuboi, apostaram em um mecanismo similar, mas coletivo.

No mesmo período, a Vivo encerrou um patrocínio ao basquete de Franca e o vôlei brasileiro se viu envolvido em denúncias que afastaram até o secretário-geral da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), Marcos Pina, que será investigado.

São muitas notícias ruins em um intervalo bem pequeno. Está claro que não é apenas coincidência. O esporte brasileiro vive, infelizmente, um período de crise.

A crise tem relação com uma grande lista de fatores, como o desaquecimento da economia interna e os problemas da economia externa. Também pesam aspectos como a falta de cultura de investimento em esporte.

Contudo, momentos assim também são excelentes oportunidades para reflexões. Será que o esporte brasileiro tem uma percepção clara de como funcionar como negócio? E nesse modelo, será que a comunicação tem o tratamento adequado?

Aí entra uma crítica que não é apenas a dirigentes, mas a todo o mundo do esporte. Por exemplo: o que Maurren Maggi oferece para aumentar o poder de barganha e se aproximar de patrocinadores? Que tipo de venda ela faz e quais propriedades ela inclui? Qual retorno ela oferece?

Responder a todas essas questões é fundamental para qualquer negociação. É fundamental também para entender quais são os responsáveis pelo atual momento do esporte brasileiro.

O problema é: quem faz esse tipo de pergunta? E quando esse tipo de pergunta é feita, que tipo de informação ela gera? Há pesquisas, dados ou projetos sobre novos caminhos para o esporte brasileiro? Se houver, há algo que esteja sendo colocado em prática com detalhamento e comunicação?

O esporte brasileiro nunca teve tanto dinheiro. Confederações com trabalhos minimamente estruturados, como rúgbi e handebol, mostram que é possível crescer até quando existem problemas.

A grande questão é que a proporção desses problemas depende muito de quem conta a história. E enquanto não houver um jeito certo de contar, as diferentes versões só vão ampliar a sensação de crise.

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