Lei Geral da Copa

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A Lei Geral da Copa (LGC), visando estabelecer regras e/ou facilidades na organização da Copa do Mundo de 2014, tem gerado um debate acalorado por diversos entes da nossa sociedade, uma vez que a mesma deve impactar não só a questão do futebol, como também outras áreas de nossa sociedade.

Em primeiro lugar, é bom frisar que a Copa do Mundo é um evento privado, de uma entidade supranacional, a Fifa, e o Brasil se candidatou voluntariamente ao pleito, conhecendo antecipadamente as regras e o ônus de trazer um dos maiores eventos do mundo para o seu território. A retórica é importante para lembrar que a entidade máxima do futebol não é uma mera “organização que impõe regras contra a soberania das nações” e que o Brasil não é obrigado a organizar a Copa. Foi ele quem quis.

Depois, que a discussão sobre a LGC pode ser muito boa para o Brasil para, talvez, enfim, colocar um ponto final em alguns discursos político-demagógicos de algumas “minorias”, que se travestem de “coitados” para receber migalhas do poder público, sem que este tire efetivamente verba do seu próprio bolso e transfira esta responsabilidade aos entes privados.

O Emerson Gonçalves, no blog “Olhar Crônico Esportivo”, expressa muito bem parte de meus sentimentos em relação ao assunto no texto “Meia entrada e ‘Soberania Nacional'”.

Essa transferência de responsabilidade (e de conta) para as entidades esportivas (ou o teatro, o cinema, as artes, etc.) do governo é um tanto quanto desproporcional para uma atividade econômica que tem autonomia garantida na constituição e que mesmo assim deve abrir mão de parte de suas receitas para atender a apelos político-eleitoreiros de poucos.

Assim, as referidas “minorias” que mencionei anteriormente “brigam” e “lutam” por migalhas. Estudantes preferem discutir a meia-entrada no futebol (?) a reivindicar educação pública de qualidade. Idosos, ao invés de se organizarem e trabalharem pelo respeito em áreas básicas como saúde, acessibilidade e dignidade após servirem o país com sua força de trabalho, contentam-se com pequenos descontos, quando deveriam ganhar proventos dignos para terem o direito ao lazer como bem entender.

No fim das contas, quem pagará a diferença delas será o trabalhador de nível intermediário, ou seja, aquele que produz, trabalha e gera riquezas ao país, seja pelo seu próprio bolso ou pela arrecadação do governo. E isso é evidenciado por algumas reportagens recentes:

– Portal 2014: “Meia-entrada pode levar Fifa a aumentar preço de ingresso da Copa” (http://migre.me/5WptR), de 17-out-2011.

– Jornal Valor Econômico: “Governo quer Copa com ingressos populares”, p. A4, de 10-out-2011.

Outra questão é a da venda de bebida alcoólica em estádios. Outra demagogia barata. O argumento é sustentado por um discurso vazio de quem não entende que o torcedor que briga no estádio faz o mesmo fora dele. O cidadão que vai a uma arena esportiva e causa confusão é o mesmo que irá à noite para uma festa ou um bar com os amigos e provocará alguma arruaça ou confusão.

Esse erro comum de tentar diferenciar o cidadão comum do torcedor que tem sido o grande problema da violência em estádios de futebol. Se adotássemos a lógica aplicada no futebol, deveríamos ver nas “baladas” policiais armados dentro das pistas de dança no lugar dos seguranças das casas.

Se o consumo de bebida alcoólica está tão associado à violência no futebol, é verdade que a mesma bebida deveria ser proibida em quaisquer estabelecimentos comerciais, de shows de rock a quermesses – isto aqui é culpa da bebida ou da educação?

Por fim, penso que a LGC deve servir, sim, para um debate profundo sobre o tratamento que damos a alguns conceitos erroneamente tidos como “conquistas sociais”. Estudante precisa de recursos para “estudar”, tendo acesso a eventos educacionais, compra de livros, revistas científicas ou assinatura a banco de dados. Idosos precisam que a sociedade entregue a eles uma vida “digna” em termos de saúde e qualidade de vida.

Devemos entender que as entidades esportivas, por sua soberania, é quem pagam a conta no fim de tudo ao abrir mão de receita integral na venda de ingressos ou na comercialização de bebidas, causando desequilíbrio econômico com outras atividades semelhantes de nossa sociedade.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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