Lições do exterior – Parte 1

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Preparei três textos em sequência para debater e colocar alguns pontos de vista sobre o mercado esportivo dos EUA que podem ser úteis para o contexto do esporte no Brasil. São situações e constatações gerais e aplicáveis, que levam em conta tão somente processos que não demandam grandes investimentos ou a aplicação de tecnologias que não temos tanto acesso no país. São, a bem da verdade, um conjunto de propostas de pequenas mudanças de pensamento ou ajustes culturais para podermos ter uma indústria esportiva mais forte.

As ideias são provenientes de um curso promovido pela UNISUL (de Florianópolis), que trouxe para os EUA estudantes e profissionais para um ciclo de palestras e visitas a universidades e equipes de ligas profissionais, em um período de 15 dias (de 06 a 20-dez), a qual estou participando. Nestes primeiros dias tivemos duas palestras com o Professor Dr. Mauro Palmero, brasileiro radicado nos Estados Unidos, que recebeu o grupo no Campus da East Tennessee State University, em Johson City.

Além das excelentes visitas nas ótimas instalações esportivas da universidade, que disputa competições da NCAA, e do Bristol Speedway, pista de corrida que recebe provas da Nascar, tivemos debates e palestra sobre o modelo esportivo dos EUA, do sistema de esporte universitário e das ligas profissionais.

Desta última, além da apresentação sobre o funcionamento de alguns mecanismos de equilíbrio competitivo, da forma de comercialização de ingressos e dos direitos de transmissão de algumas ligas, que apresentam números robustos quando comparados a qualquer outro mercado, destaco uma frase dita algumas vezes pelo Prof. Palmero que talvez traduza muito bem a cultura destas competições: “A Liga é tão boa quanto o pior time dela”.

A simples frase resolve muitos dos problemas de tentativa de definição de porte e qualidade de muitas competições no Brasil. Quer isso dizer que o Campeonato Brasileiro da Série A de 2014 é tão bom quanto o “Criciúma EC”. O Campeonato Paulista do mesmo ano é tão bom quanto o “Paulista de Jundiaí”.

As equipes, ao entrarem em uma competição, precisam disputá-la com equipes de um mesmo nível técnico para que o produto possa ser atrativo. Este é um conceito sacramentado no ambiente de negócios do esporte. Se nem todas as equipes tem o mesmo nível técnico, existem duas alternativas plausíveis: (1) que se tente um equilíbrio competitivo através da distribuição mais equitativa de recursos (financeiros, técnicos, estruturais etc.); ou (2) que se retire as equipes que não tem a capacidade de competir com as maiores.

Quer isto dizer que, enquanto não trabalharmos para a qualificação de todas as equipes para que desenvolvam melhor seus negócios e o seu conteúdo esportivo, teremos não só um abismo enorme entre as equipes mais estruturadas ante as equipes de menor porte (que, é bom que se diga, existem em qualquer contexto do mundo), mas, principalmente, um produto geral de qualidade duvidável.

Eis uma barreira importante para o passo que queremos dar no esporte dito profissional no Brasil. Para falarmos mais claramente sobre negócios é preciso encontrar um equilíbrio com o viés esportivo. Esta é a grande chave para o nosso desenvolvimento…

(Continua…) 

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