Minha casa, minha vida em Itaquera

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Guerrero, autor do gol mais internacional da história corintiana, deu o primeiro toque na bola da mais corintiana casa.

Assim começou o primeiro jogo alvinegro no estádio de todo o povo (para os muitos que não aceitam dinheiro público em sua construção, e para os que jamais imaginaram que um dia “eles” teriam estádio).

E que belo estádio. A casa do Corinthians começou a ser usada segundos antes de uma chuva de granizo derrubar troncos na região do Morumbi – onde tantas vezes o Corinthians foi Timão, como em 13 de outubro de 1977, como na conquista do primeiro Brasileiro, em 1990, como no início da campanha do primeiro Mundial, em 2000.

No Pacaembu, 16h33 do domingo de estreia em Itaquera, chovia como havia dias não chovia tanto e tão feio.

É a hora desta foto que mostra as torres de iluminação que ficam atrás da arquibancada central do velho Paca. De onde saíram os fogos de artifício em 4 de julho de 2012, na celebração da Libertadores que, como a casa do tamanho da torcida alvinegra, parecia que nunca aconteceria. Nunca existiria.

“Nunca serão”?

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Em Itaquera, quando esta foto foi tirada, eram 31 minutos de jogo ruim. Corinthians estreando em sua casa, sua vida, contra o Figueirense.

Chuva fortíssima nos estádios onde mais jogou o Corinthians em São Paulo. Tarde feia, fria. Sem vida como ficou o estádio de todos os paulistanos, e ainda mais dos corintianos. Não tinha nada além de água no Paulo Machado de Carvalho numa tarde de futebol (por mais que não tenha jogado futebol o Corinthians em 90 minutos inaugurais em Itaquera).

Só sei que tudo que não se via no Pacaembu era saudade.

Só sei que aquela água toda pela cidade não era comum.

Não vou tentar explicar. Não sei. Como também não sei como o Corinthians jogou tão mal contra um rival tão frágil. Vai ver que a Fifa pediu para poupar o gramado, as traves, sei lá.

Só sei que não importa tanto a derrota feia para o Figueirense na festa tão bonita. O que vale, depois de décadas de tentativas frustradas, de gozações alheias, de dinheiro mal empregado, de negociações bizarras, e de um estádio erguido a toque de caixa (e que caixa, e que toques), o corintiano tem sua casa, sua vida.

Onde, depois do primeiro toque de Guerrero, ele verá outros batalhadores em português guerreando, lutando, brigando, corintianando.

Para o bem dos corintianos, para o mal dos adversários, Itaquera não é logo ali. É bem longe daqui.

Mas vai ficar cada vez mais perto. Não vai ter em campo tanta gente ótima de Neco e Neto, de Luizinho a Rivellino, de Marcelinho a Tevez, de Rincón a cada canto do novo campo. Mas surgirão novos nomes próprios e muito comuns de uma paixão inominável. De um estádio que não gostam que chamem de Itaquerão e nem de Arena de São Paulo. De uma praça multiuso que é Arena do Corinthians enquanto não se vende o nome de direito.

Mas que é de cada José, Maria, João, Pedro, Mariana, Wallyson, Shirley. Nomes que vão contar muita coisa no novo lar. Nomes que ainda não sabemos como serão, quando serão, quantos tantos serão.

Só sabemos que tantos serão como nunca. Ou como sempre.

Bem-vindo à casa, Corinthians. 

 

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

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