Não existe ideal

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Em 2006, a “culpa” da derrota brasileira na Copa do Mundo foi a falta de vontade dos jogadores, o excesso de estrelismo e a falta de patriotismo. Quatro anos depois, o Brasil fez tudo diferente. Rigor a toda prova, reclusão, jogadores distantes do holofote, da badalação ou de qualquer coisa que o valha. E o resultado foi, simplesmente, o mesmo: derrota nas quartas-de-final da Copa do Mundo.

O que fica de lição depois de quatro anos e mais um fracasso acumulado em Mundiais? O mais evidente deles, para mim, é de que não existe um modelo ideal, fechado, para ser o campeão do mundo. Como bem disse Johann Cruyjff, após a dolorida derrota holandesa de 1974, a Copa do Mundo é uma competição que premia o melhor time após sete partidas.

Não é nada além disso. Não existe fórmula a ser seguida.

O maior problema com a seleção de Dunga foi não ter contado com os 23 melhores jogadores do país na atualidade. O treinador, agora ex, foi fiel a quem lhe foi imprescindível durante a escalada rumo à Copa do Mundo. Só que ele se esqueceu do básico: levar um time que fosse capaz não de ser fiel a qualquer princípio, mas que soubesse ganhar quando fosse necessário.

A Holanda, que derrotou o Brasil nas quartas, comportou-se até agora de forma muito distinta daquela exigida por Dunga. Os jogadores holandeses, volta e meia, passeiam pela cidade de Joanesburgo, tiram fotos com fãs, pensam em outra coisa além de Copa do Mundo e futebol.

Todo trabalho precisa de um descanso. Do contrário, a cabeça não aguenta tanta pressão e tanta exigência pela conquista de algumas metas. É assim no dia-a-dia de trabalho, tem de ser assim também numa equipe que almeja ser a campeã do mundo.

Se, em agosto de 2006, o maior debate era a falta de patriotismo da equipe brasileira, agora o problema parece ter sido o excesso de vontade e a falta de controle que minaram a atuação brasileira no clássico contra a Holanda.

O bode expiatório foi Felipe Mello, símbolo de resistência de Dunga contra a opinião pública. Poderia ser qualquer outro, que não resolveria o problema.

Enquanto o Brasil insistir em encontrar culpados no lugar de resolver o problema, será mais difícil evoluir. A CBF tem, por característica, radicalizar o comando técnico da seleção brasileira depois de um pífio resultado dentro de campo sem parar e pensar os motivos que levaram a um desempenho abaixo do que se esperava.

Não existe uma fórmula ideal. O que precisa existir é a formação de um grupo coeso, que represente o melhor do país dentro de campo. O resto é conversa mole para tentar tirar o foco de um dos maiores problemas do brasileiro: a falta de planejamento.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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