O 3-5-2: defensivo ou ofensivo?

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Ainda que se resista em admitir, o 3-5-2 é hoje uma plataforma tática que permite dinâmicas de jogo bastante ofensivas. Muitos insistem em enxergá-lo como o “esquema dos três zagueiros” (e para quem tem dificuldades em entender ou admitir a complexidade como conceito, uma equipe que tem três zagueiros é mais “defensiva” do que uma com dois).
 
Apesar de óbvio para muitos treinadores em todo o mundo que o argumento não é verdadeiro, a ofensividade ou não de uma equipe é muitas vezes dada pela distribuição numérica didática dos jogadores em campo (a plataforma de jogo). Pouquíssimas vezes é levado em conta, dentre outras coisas, o número de jogadores com que uma equipe ataca quando está construindo suas ações ofensivas (ou ainda quantos jogadores ficam à frente da linha da bola em uma situação de ataque). É possível, por exemplo, uma equipe que joga no 4-3-3 (saudada pela “imprensa especializada” como ofensiva por levar a campo três atacantes) atacar efetivamente com quatro ou cinco jogadores e outra no 3-6-1 ter sempre sete jogadores participando diretamente das ações ofensivas.
 
Então, não se pode dar crédito a argumentação de que uma plataforma de jogo, que na estrutura da equipe contempla três zagueiros, é necessariamente “defensiva”. Mas como nem toda informação chega onde tem de chegar (difícil acreditar, em um mundo globalizado, que a informação tenha dificuldade de chegar a algum lugar), a ignorância gera “burrice” e a “burrice”, mais “burrice” – e no final solidificam-se os preconceitos e os mitos.
 
Talvez sejam os preconceitos e os mitos os grandes “dificultadores” do “enraizamento” do 3-5-2 em culturas futebolísticas, como por exemplo, as que estão presentes no Brasil (o país do 4-4-2).
 
Em sua proposta inicial, o 3-5-2 trazia como elemento inovador duas possibilidades que logo chamaram a atenção das equipes em alguns países europeus:
 
1 – ter cinco jogadores com características de meias na estrutura da equipe, podendo construir ou destruir jogadas;
2 – ter um jogador que pudesse “sobrar” aos zagueiros, prevenindo possíveis falhas do sistema defensivo.
 
Em sua formação básica, a idéia era possibilitar mais jogadores participando da criação das jogadas de ataque sem prejuízo para o sistema defensivo (e sem a necessidade de congestionar o meio-campo de jogo com um sem número de “volantes”). Logo, os alas ganharam vez em lugar dos originais meias e o 3-5-2 passou a ser um sistema com grande equilíbrio defensivo mesmo quando na sua formação encontrava-se apenas um “volante” (ao mesmo tempo em que garantia boas possibilidades ofensivas com a progressão simultânea dos dois alas e dos dois meias-armadores).
 
Hoje, para os adeptos da marcação individual, o 3-5-2 tem sido alternativa quase que constante no futebol que antes o rejeitava (o futebol brasileiro). Para os países que evoluíram da marcação individual para a zona ele tem perdido seu espaço (especialmente nos países em que a lógica norteadora para a marcação zonal está nas “linhas” horizontais imaginárias do campo de jogo).
 
Naqueles em que a lógica é dada pelas “faixas” verticais imaginárias do campo, ele ainda continua sendo alternativa.


O alto nível competitivo presente no futebol mundial requer cada vez mais equilíbrio defensivo e ofensivo, velocidade, e atenção especial as transições constantes presentes no jogo. Especialistas ainda hoje divergem quando a questão é a plataforma de jogo que garante a equipe cada um dos requisitos condizentes ao bom e competitivo futebol mundial.
 
Enquanto ainda para alguns o 4-3-3, o 4-4-2, o 3-5-2 ou qualquer outra representação numérica nada mais é do que isso (uma representação numérica didática estática), para outros é o “esqueleto” que gera maiores ou menores possibilidades de ações tático-estratégicas em um jogo. Enquanto para alguns as “linhas” nada mais são do que as marcas brancas que delimitam o campo de jogo, e as faixas nada mais do que projeções de uma mente sem nada mais para fazer, para outros são a possibilidade de mais uma vitória. Enquanto para alguns marcar individualmente ou em zona é uma questão de gosto, para outros é um norte balizador das ações no jogo.
 
E por fim, enquanto para os desavisados, ter quatro equipes inglesas entre as oito classificadas para as quartas-de-final da Champions League 07/08 é algum tipo de coincidência, para outros a explicação é a real aplicação de conceitos e princípios inerentes à lógica do jogo de futebol.
 
Você acredita em coincidências?

Para interagir com o colunista: rodrigo@univesidadedofutebol.com.br

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