O doping e as cláusulas do “whereabouts”

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Caros amigos da Universidade do Futebol,

A Fifa e a Uefa declararam, recentemente, estarem contra as cláusulas referentes ao chamado “whereabouts”, contidas no novo Códido Anti-Doping, elaborado pela Wada (World Anti-Doping Agency), em vigor desde janeiro deste ano. 

Antes de entrar no âmago da questão, é necessário esclarecer do que se tratam tais cláusulas. 

A Wada é uma organização internacional independente criada em 1999 e que combate a prática do doping no esporte mundial. Foi a Wada que desenvolveu o código anti-dopagem, que é avalizado e implementado por diversas federações internacionais e organizações olímpicas, em diversos países.

A Wada acaba de lançar, neste ano, uma versão atualizada do código, em que o maior e mais novo objetivo é harmonizar as regras para o controle do anti-doping em todas as partes do mundo. Apesar das diversas realidades nos diversos países, e também nos diversos esportes, parece ser essa uma postura, digamos, justa para punir de forma equalitária todos os atletas participantes de determinadas competições.

Uma dessas disposições a serem harmonizadas são as informações “whereabouts”. Todos os atletas são obrigados a se submeterem (conforme o caso) a exames anti-doping durante as competições. Para além desses exames, outros esporádicos são feitos ao longo do ano (de surpresa) em alguns atletas (de elite), a fim de inibir que substâncias/métodos não permitidas(os) sejam consumidas/realizados em períodos em que o atleta não participa de competições.

Para tanto, esses determinados atletas são obrigados a informar à federação ou ao comitê olímpico onde estarão em um período de uma hora em todos os dias de sua vida, enquanto forem atletas. Isso permite que os responsáveis pelo tal exame esporádico possam encontrar o atleta selecionado. Essa informação feita pelos atletas chama-se “whereabouts information”.

A grande polêmica gerada é que a Fifa (apoiada pela Uefa) entende que esportes de equipe, em que os atletas são obrigados a treinar em locais determinados pelos seus clubes (e.g., estádios e centros de treinamentos), poderiam ter a obrigação de prestar essa informação de forma mais flexível, considerando que estes atletas são mais fáceis de serem localizados do que atletas que competem em modalidades individuais.

A Fifa é contra, por exemplo, que seus atletas sejam incomodados em suas férias para os tais exames de surpresa. 

Aparentemente, a Wada não está disposta a abrir a exceção para esportes de equipe.

Esse é um assunto de fato delicado. A Fifa não quer estar associada a qualquer prática ilegal com relação ao futebol. E esse posicionamento contra a Wada pode dar o que falar com relação às reais intenções da principal entidade do futebol mundial. A imprensa pode eventualmente se perguntar se a Fifa quer mesmo apenas evitar constrangimentos desnecessários a seus atletas ou, no fundo, quer ser a organização a toma as decisões sobre anti-doping no futebol?

Em outras palavras, precisamos ouvir maiores explicações e fundamentações por parte da Fifa para melhor entender o seu posicionamento.

Pessoalmente, não vejo diferenciação entre esportes individuais e coletivos para essa questão. Acho que todos deveriam se submeter a exames, de acordo com o que for decidido dentro da estrutura interna de suas organizações desportivas.

Talvez, neste caso, podemos dizer que quem está na chuva é mesmo para se molhar. Se é atleta de elite, e for escolhido entre aqueles a apresentar os “whereabouts informations” pela Federação Internacional, então que cumpra com a regra como os demais atletas. 

São os ônus da posição (privilegiada) que ocupa.

Para interagir com o autor: megale@149.28.100.147

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