O legado da Copa africana

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A África do Sul ficou para trás. E o que fica como exemplo da primeira Copa do Mundo em território africano, do Mundial com um campeão inédito, do torneio que pela primeira vez teve o time anfitrião fora da fase eliminatória?

Durante quase 40 dias em território africano, deu para perceber que o maior legado deste Mundial está muito longe de ser esportivo. Ainda há muitos pontos de interrogação sobre o futuro de pelo menos oito dos dez estádios que foram usados nesta Copa [Ellis Park, em Johanesburgo, e Moses Mabida, em Durban, talvez sejam os dois locais com maior chance de reutlização após o torneio], além do improvável crescimento do futebol em território sul-africano por conta do Mundial.

No final das contas, o maior benefício de termos um torneio da magnitude de uma Copa do Mundo na África do Sul foi mostrar às pessoas como é a África do Sul em seu cotidiano. A imagem de um país sub-desenvolvido, pobre, pouco civilizado e inseguro virou história. Pelo menos para aqueles que tiveram a chance de conhecer o país do Mundial.

É improvável achar que o sul-africano vai ficar mais próximo do futebol por conta da Copa. Talvez até haja uma pequena disposição para acompanhar a bola redonda no lugar da oval nos próximos anos. Mas a cabeça do europeu em relação ao país, certamente, mudou.

E aí está um dos maiores benefícios de se organizar um evento do tamanho de uma Copa do Mundo. É a chance de fazer com que as pessoas comuns tirem seus pré-conceitos sobre um país, um povo, etc. Foi assim na África do Sul. Durante os 40 dias em território sul-africano, foi possível conhecer um povo alegre, feliz, machucado por um triste passado, mas que mira um futuro melhor.

Hoje, o Brasil é muito menos “desconhecido” dos outros países. São poucos os que acham que Buenos Aires é nossa capital, muito menor é o contingente de pessoas que acredita que vivemos em cima de árvores.

Foi para acabar com esse pré-conceito que o povo sul-africano se uniu em torno da Copa. Negros, brancos, amarelos, azuis, cor-de-rosa. Todos eles compõem uma África do Sul unida, com problemas, mas preparada [a seu modo] para receber pessoas de todo o planeta.

O legado do primeiro Mundial no continente africano é a mudança na percepção da imagem de um país. Se tem algo que a África conseguiu fazer, foi acabar com qualquer preconceito sobre o seu país. E era exatamente esse o propósito sul-africano quando decidiu receber a Copa do Mundo, há cerca de 15 anos.

O Brasil precisa, urgentemente, entender qual o papel de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos para formar uma percepção de imagem do país para o mundo. Melhor oportunidade, não há.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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