O que queremos?

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

Uma das páginas muito bem-humoradas e inteligentes do Facebook se chama "O que queremos?". Nela, em tirinhas em quadrinhos, com bastante ironia, são levadas ao público, num tom de convocação e intimação para um movimento em torno de determinadas causas, certas mensagens paradoxais, contraditórias, que desafiam a lógica racional.

Num exemplo: "Quem somos? Mulheres! O que queremos? Não sabemos!!! E quando queremos? Agora!!!"

Outro bem sacado: "O que queremos? Que nossas namoradas parem de mandar em nós! Quando queremos?" E a voz pergunta pra namorada: "Quando queremos, amor?" Ela responde: "Depois da novela da tarde." E a voz finaliza: "Depois da novela da tarde!".

As manifestações generalizadas, em todo Brasil, que ocorrem tendo a Copa das Confederações e a Copa do Mundo como cenário e motivação, são legítimas e necessárias.

De fato, a sociedade brasileira precisava dar um claro sinal a todos aqueles que não se acham parte dela e fazem da corrupção prática frequente em sua vida pública, enquanto políticos e mandatários do poder popular, e em sua vida privada, enquanto cidadãos despreocupados em olhar para os lados e que reproduzem a falsa sensação de que vivemos na Noruega ou na Suíça.

Quem vive na Suíça é a Fifa, tão somente. Lá, tudo funciona bem, e, em boa parte, com o dinheiro oriundo do mundo todo custeando seu alto grau de desenvolvimento social, tal qual um paraíso na Terra.

Aqui, do outro lado do Atlântico, não estamos sequer perto do padrão Fifa em termos de desenvolvimento e gestão esportiva, capaz de alçar nosso esporte a um patamar de sustentabilidade plena e dividir esta sustentabilidade com a sociedade toda, devolvendo a ela parte do que o esporte absorve em sua construção, como legado social.

Eis a razão de grita e revolta perante os megaventos esportivos no Brasil, agravados pelo estouro sucessivo nos orçamentos das obras das instalações esportivas, em contraponto ao que se destina aos serviços essenciais a que todos deveríamos ter acesso, como saúde, educação, segurança, transporte público.

O legado social da Copa do Mundo, para o Brasil, é esse: o despertar de todos nós para ocupar posição crítica numa sociedade ainda muito desigual, que pode ter no esporte papel fundamental para transformá-la positivamente.

Contudo, não podemos ficar reféns de uma esquizofrenia social que não sabe pra onde vai e, simplesmente, nega o presente sem, sequer, sugerir e lutar pelo futuro.

Ou…: O que queremos? Que…que… que não seja realizada a Copa da Fifa e a Olimpíada no Brasil!

Por que queremos? Porque isso vai acabar com nossos problemas de corrupção, desvio de dinheiro, falta de escolas, quadras esportivas, hospitais, creches, aeroportos, transporte público, melhores estradas, segurança pública e falta de engajamento político da população na hora de votar e ser votado!

Cuidado com o que desejarmos, pois isso pode se transformar em realidade, e seremos responsáveis pelo resultado.

 

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

Autor

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso