O Vermelho da Discórdia

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O Brasil nem sequer apresentou a candidatura oficial para a Copa de 2014 e as polêmicas e reclamações já começaram. É fácil prever o que vem pela frente.

 
Tudo por causa da logomarca do lançamento da candidatura oficial.
Na verdade, tudo por causa de uma cor na logomarca da candidatura oficial do Brasil para a Copa de 2014.
 
Se você não viu a logomarca ainda, eu descrevo pra você:
A primeira palavra, obviamente, é ‘Brasil’, escrita em azul, em letra normal, tipo Arial. Em baixo do ‘Brasil’, está o ano, 2014, escrito com uma letra mais estilizada, e com os números coloridos e sobrepostos. O 2 está em amarelo, o 0 é uma bola de futebol azul com uma faixa branca no meio, o 1 está em verde, e o 4, por fim, em vermelho. Embaixo disso tudo, uma frase diz “Bid Nation”.
 
A inovação fica pro termo “bid nation”, que eu confesso jamais ter visto antes. Tentei achar alguém que o tenha utilizado previamente, mas não obtive sucesso. É verdade que não existe exatamente um termo definido a ser utilizado para os países candidatos a sediar uma Copa do Mundo. Em geral, usa-se somente o nome do país e o ano da Copa, que deixa muito bem a entender o que se pretende. Nas Olimpíadas, as cidades finalistas costumam a usar o termo “Candidate City”. Para a Copa de 2010, Marrocos utilizou o termo “Candidate Country”, mas a maioria dos outros países optou apenas por utilizar a palavra “bid”, que literalmente significa “oferta”. Nesse contexto, a tradução para “Bid Nation” ficaria algo como “Nação das Ofertas”, que dado o número de candidaturas recentes do Brasil para eventos esportivos mundiais, não fica muito longe da verdade.
 
Entretanto, a maior contestação em relação à logomarca, até o momento, é a presença da cor vermelha no número 4. Afinal, todos os outros números representam as cores do país. E o vermelho, representa o quê?
 
A hipótese mais óbvia e conspiratória sugere que o vermelho representa a cor do partido do atual presidente, que também é a mesma cor do partido do atual ministro dos esportes. A colocação do vermelho seria uma espécie de homenagem aos gerentes do poder público atualmente legitimados pela sociedade, ainda que o número 14 lembre as cores de Portugal. Não obstante, é bom lembrar que a logo para a proposta da Copa de 2010 não possuía a cor vermelha, apenas as cores nacionais.
 
Ainda assim, não acho que a presença do vermelho seja grande coisa. Vermelho representa muitas coisas, e – por ser uma cor primária – sua presença não indica necessariamente um fato consolidado. Porém, apenas a grande especulação a respeito da cor da logomarca já indica como será difícil fazer uma Copa no Brasil. A todo o momento, em qualquer ação, suspeitas serão levantadas. Principalmente suspeitas de manipulação política, como o vermelho.
 
Afinal, vale muito bem lembrar, 2014 será ano de eleição pra governador e pra presidente. Ou seja, ainda que qualquer retórica apolítica seja adotada, vai ser difícil, muito, mas muito difícil desvincular a realização da Copa do Mundo de uma jogada em busca de votos. Falem o que quiser, mas eu e você sabemos que no Brasil, quiçá em todo o mundo, as coisas não funcionam desse jeito.
 
E também não vai ser difícil imaginar o estrago que eventuais motivações populistas poderão causar à racionalidade do evento, e principalmente ao seu legado estrutural. Isso, claro, pra não falar da variação orçamentária.
 
O tamanho da polêmica e da contestação em cima de apenas um número da logomarca da candidatura oficial do país para a Copa pode ser um sinal do que vem pela frente.
 
Curiosamente, o sinal é vermelho.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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