Organização sistêmica de jogo: existem equipes que jogam futebol de maneira desorganizada?

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Em uma partida de futebol, as duas equipes que se enfrentam sempre apresentarão algum nível de organização.

Diferente do que já citaram alguns autores portugueses das Ciências do Desporto, no início dos anos 2000 – contestados pelos estudiosos da Teoria Geral dos Sistemas – o jogo de futebol, construído pelo ato de jogar dos jogadores, é um “sistema dinâmico caótico”, que para ser sistema independe da expressão declarada ou constituída conscientemente (com referências), de um Modelo de Jogo.

Então, por mais que alguns de nós possamos não concordar com o fato, a existência viva de um “sistema” pressupõe, necessariamente, organização.

Isso quer dizer, em outras palavras, que todas as ações dos jogadores dentro de um jogo respeitarão uma lógica operacional, compartilhada, intuitivamente ou não, com companheiros e adversários.

E quer dizer também que, uma aparente “bagunça” de uma equipe quando joga, não representa desorganização!

Quando olhamos para um jogo de futebol, e buscamos entendê-lo sob o ponto de vista da organização de jogo das equipes, fazemos sempre com os óculos dos parâmetros que conhecemos – e que portanto tentamos reconhecer no jogo.

O fato de não conseguirmos identificar esse ou aquele parâmetro organizacional não quer dizer que esteja ausente qualquer tipo de organização.

É óbvio que não quero dizer com isso que está então justificada toda e qualquer má elaboração organizacional que uma equipe possa vir apresentar em seu jogo.

Claro que não!

O fato número um é que jogadores reunidos para formar uma equipe, mesmo que não treinem na direção do jogar que apresentam, expressarão algum tipo de jogo – mais, ou menos elaborado (provavelmente menos) – porque o ato de jogar coletivamente é a emersão de identidades individuais e de vínculos coletivos que vão se estabelecendo conforme a relação de jogo dos jogadores vai se fortalecendo.

O fato número dois é que treinar o jogo que se quer jogar levará jogadores e equipes a uma consistência organizacional maior – ou seja, elevará seu nível de organização, e sistemicamente permitirá a ela tornar-se menos instável no confronto com outras equipes/sistemas complexos.

Mas independente dos fatos “número um” e “número dois”, há um incontestável terceiro: ao analisarmos uma equipe em um jogo, vamos sempre buscar identificar no jogo o tipo de lógica organizacional que conhecemos.

Quando não encontramos nele a lógica que buscamos, tendemos, ao invés de olharmos mais a fundo para ela (para a lógica organizacional), a considerá-la como quase “inexistente”.

O peixe não sabe menos sobre a água à sua volta do que um humano que o observa dentro dela em um aquário. Nem o humano sabe mais ou menos que o peixe. Eles sabem coisas diferentes, e é uma pena que não possam compartilhar seus conhecimentos um com o outro.

Felizmente no futebol podemos aprender mais sobre o jogo, porque além de ser possível observá-lo, podemos interagir com aqueles que jogam.

Então, se soubermos e pudermos fazer as perguntas certas, é possível que ao invés de o considerarmos desorganizado, aprendamos uma nova lógica naquilo que em princípio parecia ser ausência de organização.

Quem olha para Modelos de Jogo, só conseguirá descobrir Modelos de Jogo. Quem olha para Lógica do Jogo só poderá detectar a maneira que as equipes tentam cumpri-la. Quem olha para a ação técnica individual do jogador com bola, só será capaz de perceber organização de jogo através das ações técnicas individuais do jogador…

O que você busca no jogo? Já pensou em fazer a ele outras perguntas?

Por hoje é isso…
 

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

 

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