Os desafios da BMW

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Esqueçamos por um minuto do Barça, do Manchester e dos gladiadores com roupas estranhas da Champions League. Muito do que se pode falar sobre o jogo já foi ou será falado nos próximos dias. Sem razões, portanto, para eu me delongar sobre o assunto. Talvez apenas sobre a roupa estranha do gladiador.

Muito mais importante do que a Champions League foi o que aconteceu no final de semana. Em particular com três clubes, cujas iniciais ilustram o título da matéria. O B é o Burnley, clube de uma cidade de 70 mil habitantes que conseguiu ganhar o jogo mais caro do mundo, dizem, que é o play-off da Championship da Inglaterra, a segunda divisão. O clube que ganha a partida leva para casa automaticamente 60 milhões de libras, valor da cota de televisão para o ano seguinte na Premier League. 

O desafio agora é saber o que fazer com o dinheiro. Afinal, Burnley é uma cidade realmente pequena. Posso falar porque estive lá, visitando o clube no ano passado. Tem um bom restaurante italiano, no qual fui confundido com um potencial reforço brasileiro para o clube. A cidade é uma espécie de subúrbio de Blackburn, que por sua vez é uma espécie de subúrbio de Manchester. Apesar de simpática, a economia não é das coisas mais desenvolvidas. Até por isso, o clube sabe que estar na Premier League é um luxo do qual não vai poder desfrutar por muito tempo. 

O Burnley tem planos para reformar o seu estádio e o seu centro de treinamento, o que deve consumir aproximadamente um quarto do novo dinheiro. Precisa também pagar algumas dívidas, uma vez que, todo ano, o clube fecha no vermelho e é parcialmente financiado pelos seus próprios donos. Nisso tudo vão mais uns 5 milhões de libras. Sobram 40 milhões pra montar um time pra Premier League. É muito pouco. A possibilidade do Burnley voltar pra segunda divisão no ano que vem é muito grande, e seus dirigentes sabem disso. A tendência agora é que o clube capitalize com a venda de alguns jogadores e monte um time modesto com parte da nova verba. O resto deve ficar como contenção. Apostar as fichas em um bom desempenho do time que representa a menor cidade a fazer parte da Premier League na história certamente não é uma boa ideia.

O W é pro Wolfsburg, clube duma cidade de 120 mil habitantes que foi campeão da Bundesliga meio que sem querer. Nem o técnico acreditava nisso. Aliás, ninguém devia acreditar, principalmente porque o clube virou o meio da temporada em uma posição intermediária na tabela. Mas aí o time encaixou, o Grafite descambou de fazer gols, e eles foram campeões. O que fazer na temporada que vem? Investir no time para fazer bonito na Champions League e tentar o bi no Alemão ou tentar capitalizar ao máximo para permitir que o clube tenha desempenhos respeitáveis pelos próximos anos? Se eu bem conheço a cultura alemã, a torcida do Wolfsburg não deverá invadir o gramado no ano que vem. Pelo menos, não para comemorar um título.

E o M é pro Newcastle. Certo. Newcastle não começa com M. Mas o título perderia a graça se eu colocasse um N. Além do mais, o Newcastle também é conhecido como Magpies, então o M acaba não ficando tão perdido assim. De qualquer maneira, o Newcastle é da cidade de Newcastle upon Tyne, que tem aproximadamente uns 200 mil habitantes. É um dos piores lugares do mundo pra morar. Diz a lenda que quando o Kluivert foi jogar lá, a mulher dele começou a chorar quando eles foram procurar um lugar pra morar. E não foi de alegria.

De qualquer maneira, o Newcastle está ferrado. É um clube que há tempos não consegue jogar bem, apesar de contar com jogadores bastante renomados, como Owen, Martins, Butt, Viduka, Duff e … Caçapa. A folha salarial na temporada que acabou consumiu cerca de 70 milhões de libras. Por conta do rebaixamento, a receita deve cair aproximadamente os mesmos 60 milhões que o Burnley vai ganhar. Para piorar, nenhum dos jogadores possui cláusulas de reduções de salário por conta do rebaixamento, o que significa que ou o clube vende e renegocia salários, ou a quebradeira é certa.

Os desafios para esses três clubes são enormes, principalmente agora que é o período do planejamento da próxima temporada. É certo que hoje clubes estão mais cautelosos com suas finanças, mas vai ser curioso observar qual será o comportamento desses três clubes citados acima. Dependendo do que acontecer, qualquer um deles pode ser o próximo Leeds United rapidinho. E o que os dirigentes precisam ter na cabeça é que independente do que eles decidirem, dificilmente eles poderão ser o Barcelona de amanhã.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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