Os estudos sobre a Periodização Tática: conhecê-la antes de criticá-la

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As reflexões sobre as metodologias de treinamento têm se tornado cada vez mais frequentes nos diferentes ambientes que se discute futebol.

Na ânsia pelo microciclo ideal, ex-jogadores, acadêmicos, treinadores, adjuntos e fisiologistas buscam, em maior ou menor grau, as melhores ferramentas para os auxiliarem no dia-a-dia de treinamento.

É inegável que uma das ferramentas que nós, brasileiros, temos à disposição é o rico material teórico correspondente à Periodização Tática.

Seja pela facilidade do idioma ou pela fundamentação teórica a partir de áreas do conhecimento cada vez mais presentes no futebol o fato é que opinar sobre o material desenvolvido pelo português Vítor Frade é pré-requisito para quem pretende trabalhar qualificadamente com a modalidade.

Muitas vezes os profissionais da área técnica do futebol ficam incomodados, insatisfeitos e até irritados com análises superficiais e/ou errôneas que surgem de diferentes segmentos que se relacionam com o jogo. Um diretor que se posiciona de maneira equivocada, um comentarista que não acompanhou as evoluções do futebol e se posiciona de forma ultrapassada ou um jornalista que não formula perguntas coerentes são duramente criticados pelos gestores de campo que não admitem tamanho despreparo profissional.

Com a divulgação gradativa da PT no Brasil, tem se tornado comum críticas severas a este modelo de periodização. O momento é pertinente para fazermos a seguinte reflexão: Estaremos nós, gestores de campo, emitindo opiniões tão superficiais e/ou errôneas sobre a Periodização Tática quanto aquelas que duramente nos opomos?

Antes de nos posicionarmos, seja para criticá-la, apoiá-la ou quaisquer que seja a manifestação, precisamos dedicar um tempo de estudo em alguns dos inúmeros materiais que existem sobre o tema. Livros, apresentações e monografias abordam com muita qualidade todos os pressupostos metodológicos que a compreendem.

Na sequencia, serão feitos alguns apontamentos com o intuito de levá-los a uma reflexão sobre qual é o seu domínio atual sobre a PT.

Para os que têm pouca experiência com o tema, não se assustem com as terminologias. Com boas discussões, estudos e aplicações elas podem ser muito bem compreendidas.

•A periodização tática é desenvolvida a partir de três princípios metodológicos. São eles: Princípio das Propensões, Princípio da Progressão Complexa e Princípio da Alternância Horizontal em Especificidade;

•Preocupa-se em por em prática as ideias de jogo do treinador;

•Para colocá-las em prática, há de se respeitar: cultura do país, cultura e história do clube, estruturas e objetivos do clube, estruturas/sistemas de jogo, características e níveis dos jogadores, além de outros fatores que podem exercer qualquer tipo de influência;

•A inter-relação destes elementos irá compor o Modelo de Jogo;

•Para Vitor Frade, o Modelo de Jogo é, previamente, uma intenção que devemos tentar concretizá-la em ação;

•O princípio das propensões relaciona-se com o direcionamento e características/objetivos principais do treino (para deixá-lo propenso à…);

•O princípio da progressão complexa está relacionado com o crescimento gradativo da forma de jogar (e treinar);

•O princípio da alternância horizontal em especificidade preconiza um padrão semanal de treino, alternando o conceito de microciclo para morfociclo;

•Estes pressupostos garantem a manifestação de um supra-princípio: a Especificidade;
•Para cada dia do morfociclo, existem as dinâmicas de esforço e elementos do jogar que caracterizam a sessão de treino;

•Ainda sobre o morfociclo, existem dias da semana que tem caráter predominantemente aquisitivo (em diferentes regimes de contração muscular) e dias de caráter recuperativo;

•Na aplicação do morfociclo a equipe deve evoluir nos diferentes princípios de jogo que compõem o Modelo de Jogo;

•Recuperação imediata da posse de bola após a perda, circulação da posse de bola e compactação são alguns exemplos de princípios de jogo;

•Além dos grandes princípios de jogo, existem também os sub-princípios e os sub-sub-princípios de jogo com dias específicos do morfociclo para serem estimulados;

•Quanto menor o princípio de jogo, menor a porção do Jogar que será representada;

•Menores porções do jogar compreendem exercícios com menos jogadores, em espaços menores, por menos tempo, entre outras variações que os distinguem do jogo formal;

•O jogar é técnico, físico, psicológico e tático. Este último refere-se à supra-dimensão que denomina a periodização;

Não espere na Periodização Tática nenhuma receita pronta para a aplicação em sua equipe. No entanto, tenha certeza que encontrará uma rica fonte para sua capacitação. Para concluir, e para lembrá-los do início do texto com o objetivo de dar sequência a discussão, aguardo a sua valiosa opinião.

PS: o material escrito teve como referência o livro Periodização Tática vs Periodização Tática, de Xavier Tamarit.
 

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