Perfil FC Barcelona: protocolo de avaliação de jogadores

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No dia 29 de agosto, a Universidade do Futebol publicou uma nota resumindo os temas discutidos no II Seminário de Futebol, realizado no Grêmio e com o apoio da Escola Superior de Educação Física da UFRGS. Como tive a possibilidade de participar deste importante evento que, conforme os próprios organizadores mencionaram, serve para contribuir com a evolução do futebol brasileiro, eu me comprometi em compartilhar dos conhecimentos lá adquiridos, sobretudo os diretamente relacionados com a área de atuação técnica.

Na coluna desta semana serão apresentados detalhes da palestra feita pelo gerente de prospecção do FC Barcelona, Jordi Melero Busquets, que abordou os temas: “Protocolo de avaliação de jogadores para o plantel profissional” e “Características individuais para integrar o clube catalão.

A seguir, o que foi ministrado em relação ao primeiro tema:

Todos os observadores da Secretaria Técnica de Futebol Profissional do clube espanhol têm a missão de captar jogadores para a equipe principal, equipe B e para o Juvenil A. Eles são divididos em seis zonas no território nacional e distribuídos nos demais países do futebol internacional em mercados denominados A, que são compostos por países como Brasil, Itália, França, Alemanha e Argentina. Nestes países, considerados de 1º nível, é feito um controle exaustivo de informação dos jogadores.

Para mercados B (México, Suíça, Bélgica, Uruguai, etc.) e C (Japão, Coreia, Bolívia, Turquia, etc.) as informações são captadas como controle referencial e para possível necessidade de contatos futuros. O deslocamento pessoal para o Mercado C não ocorre em um primeiro momento.

A ferramenta utilizada pelo FC Barcelona para o acompanhamento de todos os jogadores dos mercados A, B e C é o software Scout7 (clubs.scout7.com). Neste software utilizado é possível acompanhar informações relevantes acerca de cada jogador como competições disputadas, tempo total jogado, histórico de anos anteriores, cartões recebidos, gols, assistências, tempo de contrato e até se o atleta tem passaporte comunitário.

Semanalmente, os observadores se reúnem para discutir quais jogadores chamaram atenção na prospecção. Mensalmente, os jogadores de maior destaque são apresentados à comissão desportiva para iniciarem os filtros do processo de contratação (veja a seguir) e, a cada dois meses, os observadores são convocados pelos coordenadores do clube para discutirem as linhas de sucessão, ou seja, quais são as necessidades em relação aos próximos atletas a integrarem o plantel principal, o da equipe B ou o Juvenil A.

Durante a prospecção dos jogadores, cada análise feita gera a classificação de um dos três tipos de produto (jogador) para o clube:

Produto 1 – Barcelona – Atleta preparado para competir na primeira equipe;

Produto 2 – Atleta para o futuro:
Incorporar primeira equipe;
1ª Equipe para curto prazo;
Barcelona B, Juvenil A ou Empréstimo;

Produto 3 – Atleta com perfil Barcelona para as categorias inferiores.

O jogador que despertar interesse dos observadores passa pelo filtro 1, que é o de detecção e conta somente com informes escritos. Após a tomada de decisão dos gestores da equipe catalã, o atleta pode ser descartado, ou então, iniciar o filtro 2, correspondente ao seguimento do processo de captação. Neste filtro, além das informações escritas do atleta, é inserido um material visual que contém de 8 a 10 minutos de ações ofensivas e defensivas e que é encaminhado ao treinador da equipe principal, Pep Guardiola.

Abaixo, um pequeno trecho da análise de um jogador captado (mas não contratado) que vai além dos atributos técnicos:

” Jugador sin aparentes alteraciones de comportamiento. Gran nível de atención y concentración debido su dependencia de lectura de juego para explorar sus cualidades. Trabajador, sin altos y bajos de rendimiento…”

Para cada ação separada em vídeo, existe um comentário sobre a característica do jogador que está sendo evidenciada.

Uma vez aprovado pelo treinador da equipe principal, o atleta passará para o filtro 3, que é o de contratação. Neste filtro, os observadores não têm mais nenhuma influência e a tomada de decisão dos gestores será para oficializar a contratação, adiá-la ou descartá-la em processos que Jordi Melero não aprofundou.

Para finalizar, o palestrante indicou quais foram as necessidades definidas pela gestão de futebol do clube espanhol, indicadas na linha de sucessão do mês de fevereiro do presente ano.


 

Leitores, esta foi a síntese da apresentação sobre captação de jogadores do FC Barcelona. Na próxima semana, serão apresentadas as características individuais buscadas pelos observadores para cada uma das posições do 1-4-3-3 espanhol (arquero, centrales, laterales, mediocentro, inferiores, extremos y delantero centro).

Desta bela apresentação, alguns questionamentos ficam para os profissionais do futebol brasileiro: Como as equipes brasileiras classificam cada um dos seus “produtos”? Os observadores brasileiros que trabalham para clubes têm/seguem algum protocolo de avaliação? Os clubes brasileiros fazem reuniões periódicas para estabelecer a sua linha de sucessão e avaliar necessidades no plantel principal, equipe B, sub-20 e categorias de base?

Mesmo como pentacampeões do mundo temos que reverenciar o clube que ninguém pode negar que é o maior exemplo de Filosofia, Modelo e Gestão no futebol atual.

Porém, não podemos perder as esperanças que algo semelhante um dia aconteça no Brasil, pois, o FC Barcelona já foi um clube com predomínio dos jogadores de mais de 1,80m e excesso de “força física”.

E aí chegou Johan Cruyff…

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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